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Chávez aceita convite para tratamento no Brasil

BRASÍLIA, CARACAS e SÃO PAULO. Depois de ser operado em Cuba, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez – que se recupera em Caracas – terá como próximo destino o Brasil. Em meio a rumores sobre o tipo de câncer contra o qual luta, fontes do governo brasileiro confirmaram à agência Reuters que o venezuelano aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser submetido a um tratamento em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês.

A data da chegada ainda não foi definida, uma vez que depende de avaliações médicas, e o assunto, tratado como confidencial, não foi confirmado de maneira oficial pelos governos de Brasil e Venezuela. Fontes do Palácio do Planalto, entretanto, afirmaram ao GLOBO que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, esteve ontem em Brasília para discutir os detalhes da vinda de Chávez. Ele foi recebido pela presidente Dilma Rousseff e pelo assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Segundo a Reuters, familiares do presidente venezuelano o estariam pressionado para que viesse logo ao Brasil. Em São Paulo, a assessoria do Hospital Sírio-Libanês disse não ter informação oficial sobre o tratamento – mas admitiu que a direção está mantendo contato com os governos brasileiro e venezuelano.

Mesmo hospital que tratou Dilma e Fernando Lugo
Chávez poderá se submeter a sessões de quimioterapia com a mesma equipe que tratou Dilma em 2009, antes da campanha eleitoral, sob o comando dos médicos Roberto Kalil Filho (cardiologista) e Paulo Hoff (oncologista). Em agosto do ano passado, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, também escolheu o hospital paulistano para as seis sessões de quimioterapia para tratar um linfoma com envolvimento ósseo – que teve remissão completa após quatro meses de tratamento.

Há dois dias, Chávez, de 56 anos, admitiu, em uma entrevista ao canal estatal VTV, em Caracas, que talvez precisasse ser submetido a sessões de radioterapia ou quimioterapia para "blindar o corpo das células malignas". Segundo ele, o tumor retirado em Cuba tinha o "tamanho de uma bola de beisebol".

Apesar da convalescença, Chávez cumpriu ontem uma agenda cheia. Após uma reunião do Gabinete – na qual falou por 109 minutos – ele participou de uma manifestação que reuniu centenas de simpatizantes na Praça Bolívar, no centro de Caracas, em que prometeu uma "revolução eterna rumo ao socialismo" e chegou a cantar.

– Quis vir acompanhar vocês fisicamente porque nestes dias tenho acompanhado mais em âmbitos distintos, mais com o espírito e a alma do que com o corpo – disse um bem-humorado Chávez, usando uniforme verde e boina militar vermelha.

Mais tarde, o presidente aprovou, por decreto, a chamada Lei sobre Custos, Preços e Proteção do Salário – conferindo ao governo autoridade para controlar os preços, que já levaram a inflação venezuelana a alcançar a marca de 24% ao ano.

Tentando dissipar de vez rumores sobre sua capacidade de governar, Chávez também encontrou tempo para se comunicar pelo Twitter. Ele agradeceu o fato de estar vivo e, citando um trecho do livro "Assim Falou Zaratustra", do filósofo Friedrich Nietzsche, lembrou que "a cada dia há uma nova batalha".

"Olá, admirável mundo novo. Bom dia, vamos continuar a vida. Com o toque da alvorada, começo minha batalha. Vamos viver e vencer", escreveu ele.

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