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Chadianos complicam ação africana na RCA

Adriano Salgueiro

A República Centro-Africana continua a ferro e fogo mau grado a presença da força francesa Sangaris e da força africana Misca cuja neutralidade tem sido minada pelo contingente chadiano.

Bangui, a capital centro-africana, continua sob tensão após uma quarta-feira marcada por confrontos em vários bairros da capital e pela morte de cinco soldados chadianos.

Esta perda de efetivos da Misca resultou de confrontos entre a força africana e as milícias cristãs de auto-defesa "anti-balaka" que se formaram em reação à rebelião Seleka de índole muçulmana que varreu o país despoletando em março passado a queda do então presidente François Bozizé.

Os confrontos inter-comunitários de cariz confessional têm prosseguido apesar da chegada, em dezembro, da força francesa Sangaris composta po 1600 soldados. Os franceses intervieram para apoiar a Misca, constituída por 4000 efetivos, mas a força africana tem perdido a sua legitimidade e erodido a sua neutralidade.

Para tal tem contribuído o contingente chadiano de 850 homens que recentemente protagonizou uma troca de tiros com o contingente burundês sendo que ambos são parceiros da mesma força africana. Os chadianos têm, além disso, privilegiado a defesa da minoria muçulmana e do atual presidente e ex-chefe rebelde Michel Djotodia em detrimento da devida neutralidade de uma força africana. Provavelmente devido aos vários incidentes registados, a Misca já decidiu retirar o contingente chadiano de Bangui e enviá-lo para a fronteira norte com o Chade.

A respeito da ação das forças africanas, o investigador luso-angolano do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, Eugénio da Costa Almeida considera que as lógicas nacionais acabam por primar nos contextos de intervenção militar.

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