João Fellet
Chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem nesta quarta-feira em Brasília com líderes da América do Sul para tentar ampliar a influência do bloco entre países emergentes. O governo brasileiro espera que todos os chefes de Estado sul-americanos estejam presentes.
No encontro, que ocorrerá em meio à sexta cúpula dos Brics, iniciada na terça-feira em Fortaleza, os Brics apresentarão aos sul-americanos seu recém-criado Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
Inspirada no Banco Mundial, a instituição financiará investimentos em infraestrutura em países pobres e emergentes que integrem ou não os Brics.
Em entrevista recente a jornalistas, o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores José Alfredo Graça Lima disse que o Novo Banco de Desenvolvimento poderá se abrir a outros bancos multilaterais ou de desenvolvimento regionais.
Como, segundo Lima, os critérios para essas participações ainda não foram definidos, é possível que os líderes sul-americanos também tratem desse tema com os membros dos Brics.
O diplomata diz que o convite dos Brics aos chefes de Estado sul-americanos integra a estratégia do bloco de expandir suas ações, com prioridade aos países em desenvolvimento.
Na última cúpula do bloco, em 2013, na África do Sul, os Brics se reuniram com líderes de países africanos.
Em entrevista recente à TV estatal NBR, o embaixador Flávio Damico disse que a presença de líderes de outros países "é muito positiva tanto para os Brics, por enriquecer seus debates com outras perspectivas, e também permitir a outros países em desenvolvimento que conheçam melhor os Brics e suas potencialidades".
Adesão argentina
Nesta quarta, é possível que a Argentina reforce junto aos Brics seu interesse de integrar o bloco. Na semana passada, a agência oficial de notícias da Argentina, Telám, divulgou que a China apoiaria a entrada da Argentina no grupo.
Entre os demais membros do bloco, porém, não há consenso quanto à questão.
Damico lembrou que a composição dos Brics já mudou uma vez, com o ingresso da África do Sul, em 2010.
Ele mostrou-se contrário, porém, a novas adesões.
"Acreditamos que estamos com a composição ideal neste momento, mas isso não significa que os Brics estejam fechados ao diálogo com outros países em desenvolvimento e economias emergentes."
Na última semana, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também expôs cautela quanto às aspirações da Argentina.
"A questão de aumentar o número de seus membros por enquanto não está em questão", ele afirmou à agência Prensa Latina, durante visita a Cuba.
Segundo observadores, a crise econômica vivida pela Argentina seria um dos principais entraves à sua adesão.
Crescimento inclusivo
O tema oficial desta cúpula dos Brics é "Crescimento inclusivo: soluções sustentáveis". O encontro desta quarta deve se iniciar às 11h, no Palácio Itamaraty, em Brasília.
A reunião se encerrará após o almoço, por volta das 15h.
Antes do encontro, a presidente Dilma Rousseff deverá se encontrar às 8h30 com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no Palácio da Alvorada.
Na quinta-feira, será a vez de Dilma se reunir em privado com o presidente da China, Xi Jinping, que fará uma visita de Estado ao país.