Angola Press – Via MB
Cidade da Praia – O ministro da Defesa brasileiro manifestou a vontade do Governo de doar aviões Bandeirantes para auxiliar Cabo Verde no patrulhamento da sua zona marítima, noticia hoje (terça-feira) a edição "online" do jornal cabo-verdiano A Nação.
Celso Amorim ressaltou, porém, que o processo de doação depende de aprovação do Congresso Nacional (Parlamento), além da preparação das aeronaves pela Força Aérea Brasileira (FAB), não adiantando o número de aparelhos a disponibilizar.
A confirmar-se, será um dos resultados da visita que o ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, efectua há cerca de uma semana ao Brasil, em que também já foram acertados aspectos da cooperação bilateral nas áreas da defesa e segurança, que não foram especificados.
Segundo Celso Amorim, o Brasil pretende contribuir para o aumento da segurança na região do Atlântico, onde Cabo Verde está situado, contribuindo com isso "para a paz e a segurança" na região.
O mesmo foi dito a 01 deste mês pelo comandante da Marinha brasileira, almirante de esquadra Júlio Moura Neto, durante uma visita de trabalho a Cabo Verde, lembrando que a pirataria marítima está a alastrar no Atlântico Médio e que o Brasil quer prevenir a chegada às suas águas, admitindo a possibilidade de enviar navios patrulha para a costa ocidental africana banhada pelo oceano.
No Brasil, e além da defesa dos domínios marítimos de Cabo Verde, Jorge Tolentino mostrou particular interesse na experiência brasileira nas áreas de segurança marítima e de busca e salvamento.
Entre os problemas que o arquipélago cabo-verdiano enfrenta encontram-se, disse Jorge Tolentino à Agência Lusa antes de embarcar para o Brasil, os tráficos de droga e de pessoas, bem como a pesca ilegal, enquanto aumentam as informações sobre actos de pirataria marítima na região oeste – africana.
No Brasil, Jorge Tolentino e Celso Amorim, antigo chefe da diplomacia brasileiro, acertaram também que o Brasil dará apoio técnico e científico a Cabo Verde para o levantamento da sua plataforma continental, tendo em conta a experiência brasileira na Namíbia, já concretizado.
A 20 de Fevereiro último, o porta-voz do Conselho do Ministério da Defesa cabo-verdiano, major António Silva Rocha, indicou que o Governo está à procura de financiamento para reforçar as esquadrilhas naval e aérea de Cabo Verde, incluindo entre os parceiros contactados Portugal e Brasil.
Já a 01 deste mês, o comandante da Guarda Costeira (Marinha) cabo-verdiana, coronel António Monteiro, disse estar a equacionar a aquisição de navios patrulha ao Brasil para fazer face aos desafios e ameaças que estão a surgir na Zona Económica Exclusiva (ZEE) do arquipélago, de 723.265 km2, 182 vezes superior ao território terrestre.
Na mesma altura, o almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto lembrou que o Brasil constrói navios de fiscalização de 200 e 500 toneladas e manifestou abertura para negociar com as autoridades cabo-verdianas uma forma de os disponibilizar ao arquipélago.