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Brasil promete apoio a força de paz na Síria

LISANDRA PARAGUASSU

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou ontem que as Nações Unidas já estudam a possibilidade de enviar tropas de paz para a Síria e o Brasil estaria disposto a participar do esforço. Em entrevista no início da tarde de ontem, ao sair de um encontro com o chanceler de Angola, George Chikoti, Patriota explicou que o envio de tropas – os chamados capacetes-azuis da ONU – está sendo analisado pelo Departamento de Ações de Paz da organização.

"Sei que o Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas, conhecido como DPKO, já está examinando hipóteses de deslocamento de tropas da ONU para região", disse o ministro. "O Brasil já contribuiu no passado e estaria disposto a considerar a possibilidade de participar de uma futura missão de paz", acrescentou.

O envio de tropas, mesmo para missões de paz e policiamento, precisa ser antes autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU, órgão do qual o Brasil não faz parte, mas onde ainda tem influência, especialmente na relação com Índia e África do Sul e, agora, a Argentina, eleita recentemente para uma das vagas rotativas do órgão. Apesar do consenso internacional sobre a necessidade de conter o conflito na Síria, as ações contra o país no Conselho de Segurança da ONU têm esbarrado na resistência de China e Rússia, que vêm consistentemente vetando decisões mais duras, que possam resultar em ação militar, e mesmo condenações com textos mais fortes.

Apesar de o Brasil ser contra intervenções militares, mesmo restritas a ações como o bloqueio do espaço aéreo da forma que foi feito na Líbia, o chanceler avaliou que o Conselho de Segurança precisa dar condições ao enviado especial da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi, de fazer um trabalho que leve ao cessar-fogo e à transição política no país, "com a possível participação de observadores e de uma missão de paz das Nações Unidas".

Patriota demonstrou preocupação com os acontecimentos recentes nas Colinas de Golan e na fronteira entre Síria e Turquia. No primeiro caso, Israel fez disparos de advertência contra a Síria depois que um projétil de morteiro foi lançado na direção das colinas e caiu perto de um posto do Exército israelense.

Na fronteira com a Turquia, diversos episódios têm aumentado a tensão entre os dois países e o governo turco aumentou a presença de tropas na fronteira. "Há a perspectiva de que o conflito comece a afetar os países vizinhos, e isso nos preocupa muito", disse o ministro. Ele cobrou o endosso da comunidade internacional ao chamado Comunicado de Genebra, feito em junho, que propõe impulsionar a formação de um governo transitório que inclua figuras do regime e da oposição, a fim de iniciar uma transição que acabe com o conflito sírio.

Patriota informou, ainda, que tem falado constantemente com Paulo Sérgio Pinheiro, o chefe da missão de investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU na Síria, e seu último relatório traz informações sobre abusos graves cometidos pelo governo de Bashar Assad, mas também pelos grupos rebeldes, o que considerou extremamente preocupante.

"É uma situação que continua a representar um desafio porque, embora a comunidade internacional reconheça que não deve haver militarização do conflito, a violência segue desimpedida, com altíssimo número de mortes, com a situação se agravando", afirmou.

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