O presidente estadunidense, Barack Obama, chegou ao Palácio do Planalto, em Brasília, neste sábado (19/03), por volta das 10 da manhã, hora local. Recebido com honras militares pela chefe de Estado brasileira, Dilma Rousseff, ele passou em revista a guarda presidencial e acompanhou a execução dos hinos nacionais dos dois países.
Ao receber Obama, Dilma estava acompanhada do ministro brasileiro de Relações Exteriores, Antônio Patriota. A primeira-dama americana, Michelle Obama, chegou à sede da presidência da República em carro diferente, já que mantém agenda própria durante a viagem. No Salão Nobre do Palácio do Planalto, os dois governantes cumprimentaram autoridades brasileiras, como Antônio Palocci, ministro-chefe da Casa Civil, e Aloizio Mercadante, ministro de Ciência e Tecnologia.
Foco na economia
Dilma Rousseff mostrou preocupação com a criação de relações comerciais mais justas e equilibradas. "Para nós, é fundamental que sejam rompidas as barreiras que se erguem contra nossos produtos: etanol, carne bovina, algodão, suco de laranja e aço, por exemplo", alertou Dilma.
Outra preocupação do governo brasileiro é a lentidão das reformas das instituições multilaterais, dando destaque para a ampliação do Conselho de Segurança da ONU. Sem referência à aspiração brasileira a uma vaga permanente neste, Obama disse que "os Estados Unidos vão continuar a trabalhar com o Brasil e com outros países nas reformas para tornar o Conselho de Segurança um órgão mais efetivo, mais eficiente e mais representativo".
A expectativa do governo norte-americano é que a visita marque a abertura de uma nova fase nas negociações entre os dois países. Os Estados Unidos vêem o crescimento da parcela da população brasileira pertencente à classe média como uma oportunidade de ampliar o comércio bilateral, que hoje chega a cerca de 80 bilhões de dólares.
Emprego e energia
Em declaração conjunta à imprensa, Barack Obama e Dilma Rousseff destacaram as posições de seus países sobre a parceria econômica. Obama disse que "os Estados Unidos não só reconhecem o crescimento do Brasil, mas o apoiam com entusiasmo". Segundo ele, esta visita representa uma "oportunidade histórica para a construção de um caminho de cooperação crescente" para as próximas décadas.
Em seu discurso, Obama enfatizou a criação de emprego nos dois países como conseqüência da expansão do comércio e de investimento mútuo. Dilma destacou as áreas de educação e inovação como centrais nessa parceria. "O Brasil está na fronteira tecnológica em algumas importantes áreas como a genética, biotecnologia, fontes renováveis de energia e exploração do petróleo em áreas profundas", afirmou.
A recente descoberta de grandes reservas de petróleo, denominadas de pré-sal, poderá levar o Brasil à posição de grande importância no mercado mundial de energia, e os EUA estão interessados nesse processo. "O Brasil quer ser um fornecedor de energia estável, e os Estados Unidos querem ser um cliente para esse serviço", disse Obama.
Líbia e Rio de Janeiro
Parcerias na área de infraestrutura também foram discutidas. Com a aproximação de dois grandes eventos esportivos no país – a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 – os Estados Unidos apostam na participação de suas empresas nesse processo.
Paralelamente à agenda política, Barack Obama também vai acompanhar o encontro de presidentes de 18 das maiores empresas do Brasil e dos Estados Unidos, no 4º Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos.
O pronunciamento do presidente norte-americano à imprensa aconteceu momentos depois de a França anunciar sua presença no espaço aéreo líbio. Durante o pronunciamento em Brasília, Obama disse que o povo da Líbia deve ser protegido e agradeceu o apoio do Brasil por ter condenado os abusos de direitos humanos no país africano, sem mencionar a abstenção brasileira durante a votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada na quinta-feira.
Barack Obama chegou na noite do sábado à cidade do Rio de Janeiro. O plano inicial previa um grande "discurso ao povo brasileiro", ao ar livre, na Cinelândia, no centro da metrópole. Entretanto, segundo a embaixada dos EUA no Brasil, preocupações com a segurança do local fizeram com que o discurso fosse transferido para o Theatro Municipal, que suporta um público de cerca de 2 mil pessoas.
A comitiva presidencial deixa o Rio de Janeiro em direção ao Chile na manhã da segunda-feira.
Autora: Ericka de Sá
Revisão: Augusto Valente