Os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e do Equador, María Fernanda Espinosa, expressaram na quinta-feira "preocupação" pela aproximação da Colômbia à OTAN e destacaram que é um tema que deve ser discutido "em nível regional". "Evidentemente é um tema que nos preocupa, é um passo que está afastando a Colômbia, há preocupação", disse Espinosa em entrevista coletiva conjunta com Amorim em Quito.
"Acho que vamos empreender um diálogo, uma reflexão sobre isto para que estejamos todos melhor informados. Somos um espaço de integração comum na América do Sul e é importante que estes temas sejam discutidos, conversados em nível regional", completou.
Celso Amorim comentou que deve ser respeitada a soberania dos países, mas apontou que vê "com preocupação uma aproximação, no nível que seja, se é parceiro, se é membro, que seria, de um país da UNASUL, do Conselho de Defesa, com uma aliança defensiva militar extrarregional".
Na terça-feira passada o governo da Colômbia esclareceu que está interessado em ser "parceiro" e não membro da OTAN e definiu como "uma tempestade em um copo de água" a reação de alguns países da região a um anúncio sobre o tema feito pelo presidente Juan Manuel Santos no último sábado.
O ministro colombiano de Defesa, Juan Carlos Pinzón, comentou sobre a polêmica, que, segundo reconheceu, se originou em um problema de falta de "precisão" por parte da Colômbia.
Os governos da Venezuela, Nicarágua e Bolívia se pronunciaram de maneira muito crítica nos últimos dias sobre o inesperado anúncio de que a Colômbia assinará este mês um acordo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Santos disse que o acordo que será assinado tem como objeto "iniciar todo um processo de aproximação, de cooperação, com planos de também entrar nessa organização".
"A Colômbia não pode e não quer fazer parte da OTAN", ressaltou na terça-feira Pinzón, ao explicar que o propósito do governo "é ser um parceiro na cooperação, como são agora Austrália, Nova Zelândia, Japão, entre outros países".
No meio das críticas e acusações lançadas a Santos pelos governos da Bolívia, Venezuela e Nicarágua, Estados Unidos, cujo vice-presidente, Joe Biden, visitou Bogotá na semana passada, apoiou a Colômbia "como membro capaz e forte" em sua aproximação a "muitas organizações multilaterais", como, por exemplo, a OTAN.
Por sua vez, fontes da Aliança Atlântica disseram na segunda-feira à Agência EFE em Bruxelas que a Colômbia "não preenche os critérios geográficos" para ser membro e que por enquanto está sendo preparado um acordo que "permitiria a troca de informação classificada entre a Aliança e Colômbia" em "atividades específicas conjuntas".