Durante os próximos três dias, oficiais do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) estarão na Baía Blanca, a 700 quilômetros de Buenos Aires, para observar o exercício da brigada “Cruz Del Sur”.
Formada por militares da Argentina e do Chile, a força de paz decorre de um acordo estabelecido com as Nações Unidas (ONU) e tem por propósito atuar em missões em qualquer parte do mundo.
“Trata-se de um exercício que simula tudo aquilo que pode ocorrer em missões de paz”, disse o contra-almirante Jorge Armando Nery Soares, subchefe de Logística Operacional do Ministério da Defesa.
O almirante esteve em julho deste ano na Argentina para conhecer a brigada binacional. Ao retornar a Brasília, ele fez um relato sobre o que viu durante a visita ao país vizinho.
Agora, ele integrará a comitiva de observadores do Brasil no exercício militar, que inclui ainda o chefe e o vice-chefe de Preparo e Emprego do Ministério da Defesa, tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira e general-de-divisão Celso José Tiago, respectivamente.
Segundo o almirante Armando, o convite para que o governo brasileiro enviasse observadores representa o primeiro passo para estabelecer a entrada do Brasil como membro da força de paz.
O militar afirma que já foram feitos contatos nesse sentido e qualquer decisão sobre a participação brasileira na “Cruz Del Sur” caberá ao ministro da Defesa, Celso Amorim, que submeterá a decisão ao crivo da presidenta Dilma Rousseff.
“Argentina e Chile formalizaram convênio com a ONU para o emprego dessa força de paz. Mas, ainda que o Brasil venha a participar dessa brigada, isso não descarta qualquer participação isolada nossa em outras missões pelo mundo”, assegurou.
Um dos principais pontos de interesse dos observadores brasileiros é verificar como os dois países sul-americanos estão trabalhando a interoperabilidade dentro dos padrões das Nações Unidas. Esse será o primeiro exercício com participação de tropas desde que a força de paz foi constituída.
Cruz Del Sur
A ideia de formar a força de paz teve inicio em 2003. Originalmente, a criação da brigada binacional surgiu com o intuito de aproximar Argentina e Chile, países que já viveram situações de conflito.
Em 2006, os ministros da Defesa dos dois países firmaram acordo com a finalidade de criar uma Força de Manutenção de Paz Combinada. Por meio de um memorando de entendimento, assinado em dezembro daquele mesmo ano, foram estabelecidos os princípios para a constituição da força.
No ano seguinte, a brigada tornou-se operacional e passou a trabalhar em sistema de rodízio na Argentina e no Chile, cabendo aos chilenos o comando nos anos ímpares e aos argentinos nos anos pares. “É por isso que este primeiro exercício efetivo vai acontecer num campo de instrução na Argentina”, explicou o almirante Armando.
A brigada conta, atualmente, com um efetivo de 1 mil militares, dois navios e oito helicópteros. Esse aparato fica à disposição da força de paz em organizações militares nos dois países. A “Cruz Del Sur” só deve entrar em ação caso haja solicitação da ONU.