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Brasil articula texto da ONU contra Síria

FLÁVIA FOREQUE
ISABEL FLECK

Após mais de seis horas de discussões, os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas fecharam ontem à noite um texto, com base em proposta de Brasil e Reino Unido, condenando a violência do ditador da Síria, Bashar Assad.

O formato da manifestação -se será uma declaração presidencial (mais branda) ou uma resolução- será definido hoje, em nova reunião em Nova York.

O Brasil prefere uma declaração, mas aceita resolução, se houver consenso, conforme a Folha revelou ontem.

A morte de 140 oposicionistas no último domingo foi o que levou os países, inclusive o Brasil, a endurecerem sua atitude sobre a Síria.

Segundo apurou a Folha, o Brasil conseguiu fazer com que ficassem de fora pontos que davam brechas para possíveis sanções ou ação militar contra a Síria.

"O que está sobre a mesa hoje é muito mais próximo do senso comum do Conselho", disse uma fonte diplomática, acrescentando, no entanto, que ainda há divergências expressas no texto que seria enviado a todas as chancelarias na noite de ontem.

Das sugestões do Brasil, apresentadas pela embaixadora Maria Luiza Viotti na reunião do Conselho anteontem, todas foram mantidas.

Entre elas, estão um pedido imediato para cessar a violência "de todos os lados" – inclusive de manifestantes contra forças de segurança-, a implantação "com urgência" de um diálogo nacional e a realização de um processo político na Síria.

Esse último elemento expressa um desejo brasileiro de que haja um "processo inclusivo", e não uma intervenção no país.

REAÇÃO
Ontem, o chanceler brasileiro Antonio Patriota definiu como "inteiramente inaceitável" o número de mortes no país e pediu "uma reação que ponha fim a esse processo".

"Os elementos que estamos apresentando se encaixariam bem numa declaração presidencial, mas não está excluída nenhuma hipótese", afirmou o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.

China e Rússia, no entanto, ainda se opõem a uma resolução, segundo diplomatas. Para o Líbano, por sua vez, essa opção seria até melhor que uma declaração presidencial, que é mais branda, mas que exige unanimidade.

Amanhã, o Brasil envia a Damasco o embaixador Paulo Cordeiro, subsecretário-geral para África e Oriente Médio para missão de verificação na Síria -que será acompanhada por representantes de Índia e África do Sul.

Ontem, a Itália convocou o seu embaixador na Síria para consultas, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que Assad "perdeu toda a sua humanidade".

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