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Boris Pistorius é nomeado ministro da Defesa na Alemanha em momento decisivo da guerra na Ucrânia

O chanceler Olaf Scholz confirmou nesta terça-feira (17) a nomeação do social-democrata Boris Pistorius para o cargo de ministro da Defesa da Alemanha. Pistorius, que era até agora ministro do Interior do estado da Baixa Saxônia, foi descrito pelo chanceler alemão como “a pessoa certa” para liderar “a mudança de época” provocada pela guerra na Ucrânia.

Boris Pistorius é “um político altamente experiente que tem estado envolvido na política de segurança por vários anos (…)”, disse Scholz em um comunicado. Ele vai substituir Christine Lambrecht, que renunciou nesta segunda-feira (16), enfraquecida por uma série de gafes e controvérsias. Lambrecht estava no centro das críticas, especialmente depois de ter publicado um vídeo de felicitações de Ano-Novo, no qual agradeceu pelos “encontros” que a guerra na Ucrânia proporcionou a ela.

A nomeação de Pistorius, 62 anos, está sendo elogiada internamente no SPD, o partido do chefe de governo alemão, mas é criticada pela oposição, segundo o portal de notícias Der Spiegel. Entre as tropas, porém, a escolha do político da Baixa Saxônia foi bem recebida. Ele deve tomar posse na quinta-feira (19).

O ministro das Finanças e líder do partido liberal FDP, Christian Lindner, parabenizou Pistorius pelo Twitter. “Temos uma grande tarefa pela frente, especialmente com a implementação do fundo especial, e espero ansiosamente uma boa cooperação”, escreveu Lindner para seu futuro colega de gabinete.

Em fevereiro, o chanceler Olaf Scholz anunciou um projeto que envolve um investimento recorde de € 100 bilhões para reequipar as Forças Armadas. 

Esta nomeação acontece em um momento em que a Alemanha é pressionada por outros países europeus a fornecer tanques de guerra pesados à Ucrânia. Mas ser ministro da Defesa em um país que, por causa de seu passado nazista, promoveu durante décadas o pacifismo, sempre foi uma posição delicada, para não dizer esvaziada. A invasão russa na Ucrânia virou esta página da história. E Berlim se comprometeu com a maior operação de rearmamento da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial. 

Até pouco tempo atrás, ninguém queria ouvir falar em gastar um único euro com o Exército alemão. Entretanto, a guerra deu relevância à pasta da Defesa e tem exposto as contradições e ambiguidades da política de segurança do maior país do bloco em população e primeira economia da União Europeia. 

O chanceler Olaf Scholz tem hesitado a respeito da doutrina militar adaptada aos desafios atuais. O país se vê em um dilema entre contenção e ousadia. Scholz se dispõe a ajudar a Ucrânia, mas não quer se comprometer demasiadamente; sabe que deve se proteger da Rússia, mas procura não incomodar Moscou.

Encontro dos aliados na Alemanha

Na próxima sexta-feira (20), haverá um encontro dos aliados ocidentais na base americana de Ramstein, no oeste da Alemanha, para detalhar e coordenar o embarque de novos equipamentos militares solicitados com insistência por Kiev. 

Scholz e seu novo ministro da Defesa deverão esclarecer o posicionamento de Berlim. Os aliados têm aumentado a pressão para que a Alemanha integre uma coalizão internacional para enviar conjuntamente tanques pesados ou pelo menos permitir a reexportação desses veículos.

A Polônia prometeu fornecer os modernos tanques alemães Leopard 2 a Kiev, mas depende de permissão de Berlim, já que os equipamentos são fabricados no país e sua reexportação só pode acontecer após o aval do governo alemão. Este modelo sofisticado é capaz de abrir com rapidez novas trincheiras. Além da Polônia, outros países do bloco possuem tanques Leopard 2 em seus arsenais.

No início de janeiro, o governo alemão já tinha decidido abastecer a Ucrânia com cerca de 40 veículos de combate de infantaria Marder. A entrega está prevista até o final do primeiro trimestre. 

O Reino Unido também anunciou que enviará à Ucrânia seus modernos tanques Challenger 2. A França vai contribuir com tanques leves de combate do modelo AMX-10 RC. 

A expectativa é que após essa reunião em Ramstein, Berlim anuncie a decisão de viabilizar o fornecimento à Ucrânia dos tanques Leopard 2, quebrando mais um dos paradigmas da política alemã de defesa.

Escalada do conflito?

Quase um ano depois do início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, e sem conseguir as vitórias militares que esperava, a Rússia tem bombardeado sistematicamente as infraestruturas ucranianas – centrais elétricas e a rede de distribuição de água potável, particularmente na região de Kiev. 

Moscou tem advertido que o fornecimento de tanques pesados à Ucrânia marcaria uma nova e perigosa escalada do conflito, que já deixou milhares de mortos, milhões de desabrigados e refugiados, além de ter reduzido cidades ucranianas a ruínas.

Nesta segunda-feira (16), no Fórum Econômico Mundial de Davos, a delegação ucraniana, liderada pela primeira-dama Olena Zelenska, repetiu que o país está destruído e só pode resistir à Rússia com ajuda internacional. 

Analistas consideram que sem o apoio da Europa e dos Estados Unidos, a Ucrânia não conseguirá defender seu território. Muitos temem que a entrega de armamentos ocidentais chegue tarde, uma vez que Moscou já prepara uma contraofensiva para o final do inverno e pode, inclusive, iniciar uma nova campanha de recrutamento de combatentes.

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