O Senado boliviano aprovou uma lei que permite ao país abandonar a Convenção da ONU sobre Entorpecentes, assinada em 1961 em Viena, num protesto pela recusa de vários países em descriminalizar o consumo tradicional da folha de coca.
O presidente do Senado, René Martínez, disse que a medida deveria ser sancionada em questão de horas pelo presidente Evo Morales, que fez carreira política como líder dos produtores da coca. A lei deve entrar em vigor antes de 1o de julho, "data limite para a sua representação perante eventos internacionais", segundo o senador.
"O que queremos com isso é dizer ao mundo nossa verdade, que o uso da folha de coca nada tem a ver com os entorpecentes… e hoje amparamos esse uso como patrimônio", disse Martínez a jornalistas após a votação no Congresso, na terça-feira.
Além de ser matéria-prima da cocaína, a folha de coca é usada por indígenas bolivianos para diversos fins tradicionais — como em chás ou mascada, para combater a fome e os efeitos da altitude.
A retirada da Bolívia da convenção antidrogas da ONU foi repentinamente colocada na pauta do Congresso boliviano por iniciativa do Ministério de Relações Exteriores. A medida já havia sido aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados.
O chanceler David Choquehuanca salientou que "não se trata de nos afastarmos da luta antidrogas, e sim de fazer respeitar nossa cultura." A Bolívia é a terceira maior produtora mundial de coca e cocaína, atrás de Colômbia e Peru.
(Reporte de Claudia Soruco)