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Ausência de Chávez provoca frenesi de rumores na Venezuela

O jogo de adivinhação em torno da saúde do presidente venezuelano Hugo Chávez ganhou novos detalhes na terça-feira, com rumores que abrangiam desde uma possível tentativa de tomada do poder pelo irmão do presidente até o retorno deste até o final da semana.

A cirurgia à qual Chávez foi submetido em Cuba em 10 de junho e seu desaparecimento das vistas públicas vêm agitando a Venezuela, país politicamente polarizado, membro da Opep e com 29 milhões de habitantes.

Presença totalmente dominante no palco político venezuelano desde 1999, Chávez já adiantou abrangentes reformas socialistas, incluindo um amplo programa de nacionalizações no país, maior produtor de petróleo da América do Sul. Chávez tem 56 anos e quer se reeleger no próximo ano.

Agora, porém, alguns se perguntam se ele conseguirá ser candidato.

O governo diz que ele foi submetido a uma cirurgia devido a um abscesso na pelve e que está se recuperando bem. Mas não forneceu maiores detalhes médicos, nem informou uma data clara para seu retorno ao país.

Este fato, somado ao silêncio do presidente normalmente falador e sempre presente, vem levando a especulações de que ele possa estar com um problema muito mais grave do que o que foi anunciado.

"Não vamos comentar rumores, mentiras e falsidades", disse o ministro da Informação, Andres Izarra, no mais recente desmentido oficial dos rumores crescentes. "O presidente está se recuperando bem, e nós o teremos aqui dentro em breve."

Na terça-feira o conhecido jornalista venezuelano Nelson Bocaranda escreveu no jornal de viés oposicionista El Universal que Chávez perdeu dez quilos e está ingerindo apenas líquidos no hospital Cimeq, em Havana, onde estaria recebendo tratamento por um câncer de próstata.

Apesar disso, disse Bocaranda, citando fontes médicas não identificadas, ele teria chances de sobrevivência de 80 por cento e pretenderia retornar à Venezuela na sexta-feira para continuar seu tratamento no país.

Outros órgãos de mídia venezuelanos citaram fontes do Exército como tendo dito que Chávez vai voltar em tempo para assistir a uma cerimônia militar na sexta-feira.

Um rumor novo sugere que o irmão mais velho de Chávez, Adan, governador do Estado andino de Barinas e mentor ideológico do presidente socialista, estaria se preparando para assumir as rédeas do país, caso o poder fique vago.

Provocando ultraje na oposição, Adan Chávez teria no fim de semana, segundo versões amplamente divulgadas, citado uma frase do revolucionário argentino Ernesto "Che" Guevara, segundo a qual a "luta armada" é um modo legítimo de conquistar o poder quando as eleições falham.

O instituto de estudos de inteligência Stratfor, dos EUA, disse que, se a situação de Chávez de fato revelar ser grave, Adan e outras facções podem começar a posicionar-se para lutar pela sucessão.

"Embora Adan seja alguém em quem o presidente teria mais probabilidade de confiar, ele teria dificuldades em angariar apoio mais amplo", disse o Stratfor em relatório, observando que, como outros aliados seniores de Chávez, Adan não possui o carisma do presidente e sua capacidade de atrair apoio nacional.

Pelo artigo 233 da Constituição, se Chávez ficar incapacitado, o vice-presidente Elias Jaua terá que assumir seu lugar pelo restante do mandato, até janeiro de 2013.

Aliados de Chávez dizem que esse tipo de discussão é absurdo e desestabilizador.

"Vocês parecem vampiros", disse a destacada parlamentar governista Celia Flores, repreendendo jornalistas venezuelanos.

(Reportagem adicional de Walker Simon em Bogotá)

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