A tensão entre China e Japão em torno de ilhas disputadas pelos dois países agravou-se ontem, com protestos de milhares de chineses e o desembarque de dez nacionalistas japoneses no local que Pequim chama de Diaoyu e Tóquio de Senkaku.
Em nota divulgada ontem, a agência oficial de notícias Xinhua qualificou o gesto dos ativistas japoneses de "provocação" e afirmou que ele viola de maneira "flagrante a soberania chinesa". O Ministério das Relações Exteriores disse que protestou contra o desembarque junto ao embaixador do Japão em Pequim. Apesar de disputadas entre os dois países, as ilhas são controladas por Tóquio.
Cerca de mil pessoas marcharam pelas ruas de Shenzhen, cidade do sul que faz fronteira com Hong Kong. Os manifestantes levavam bandeiras da China e faixas que defendiam a soberania do país sobre o território. Em Guangzhou (Cantão), também no sul, e Shenyang, no nordeste do país, chineses realizaram protestos em frente aos edifícios dos consulados do Japão.
No dia 15 de agosto, data de aniversário da rendição de Tóquio na 2.ª Guerra, 14 ativistas que partiram de Hong Kong foram presos pela Guarda Costeira japonesa depois de desembarcar nas ilhas. O grupo foi deportado dois dias mais tarde, em uma aparente tentativa do governo japonês de evitar o agravamento da tensão com a China.
Críticos do premiê japonês, Yoshihiko Noda, sustentaram que ele demonstrou fraqueza diante de Pequim, ao optar pela deportação e não pelo julgamento dos supostos "invasores".
A China teve uma onda de protestos anti-Japão em 2010, quando a Guarda Costeira japonesa prendeu o capitão de um navio pesqueiro chinês que colidiu com um de seus navios.
A área foi transferida com Taiwan ao Japão em 1895, depois da vitória do país na 1.ª Guerra Sino-Japonesa. Com o fim da 2.ª Guerra, as ilhas passaram a ser administradas pelos EUA, que as transferiu ao Japão em 1971. Pequim sustenta ter soberania sobre o território, que também é reivindicado por Taiwan.
O julgamento de Gu Kailai é provavelmente o prelúdio de uma punição formal contra o marido dela, Bo Xilai, que até cair em desgraça, em março, era candidato a ocupar uma das nove cadeiras do órgão máximo de comando da China. O político está sendo investigado por supostas violações à disciplina do partido, uma acusação que cobre corrupção, abuso de poder, entre outras coisas. Após os líderes do partido decidirem sobre essas acusações ele também pode ser julgado por supostos laços com o caso de assassinato.