As possíveis causas do incêndio em Heathrow: Acidente, falha sistêmica ou Guerra Híbrida Russa?

Maior aeroporto europeu, em Londres, retoma plena operação

Por Defesanet

O aeroporto londrino de Heathrow está “aberto e totalmente operacional”, e os voos foram retomados neste sábado (22/03), um dia após um incêndio em uma estação de energia próxima ter causado o fechamento do maior aeroporto da Europa, gerando caos global nas viagens aéreas.

O incidente, que paralisou cerca de 1.300 voos e afetou aproximadamente 200 mil passageiros, expôs vulnerabilidades críticas na infraestrutura energética britânica e levantou questionamentos sobre suas causas: falha técnica, negligência sistêmica ou, em um cenário mais preocupante, uma possível ação de guerra híbrida orquestrada por adversários como a Rússia.

O incidente: fatos e impactos

O fechamento de Heathrow, com voos programados para 80 países, desencadeou uma cadeia de interrupções no tráfego aéreo global, com cancelamentos e desvios em massa. O aeroporto, um dos mais movimentados do mundo, ficou inoperante durante quase toda a sexta-feira (21/03) devido a um corte de energia provocado por um incêndio na subestação elétrica de Hayes, a 2 km do aeródromo.

Segundo Jonathan Smith, vice-comissário da Brigada de Incêndio de Londres (LFB), o fogo envolveu um transformador com 25 mil litros de óleo refrigerante, gerando riscos significativos devido à alta voltagem e à natureza do incêndio. A retomada gradual começou na noite de sexta-feira, com o aeroporto voltando à normalidade no sábado, mas atrasos persistem, especialmente para a British Airways, que opera mais de 50% dos voos afetados.

“Podemos confirmar que Heathrow está aberto e totalmente operacional hoje. As equipes do aeroporto continuam a fazer tudo o que podem para apoiar os passageiros afetados pelo corte de energia de ontem em uma subestação elétrica fora do aeródromo”, declarou um porta-voz no sábado via X. Apesar da rápida resposta, o incidente revelou a fragilidade de um hub crítico que consome energia equivalente a uma cidade média, mas cujo sistema de backup falhou em evitar o colapso.

Hipótese 1: falha técnica ou negligência

A explicação preliminar da estação elétrica de Hayes é de que o incêndio teve origem “não suspeita”, apontando para uma falha técnica, possivelmente em um transformador sobrecarregado ou mal mantido. Equipamentos de alta voltagem, como os envolvidos, operam sob condições extremas, e a presença de óleo refrigerante amplifica o risco de incêndios catastróficos em caso de superaquecimento ou curto-circuito.

A infraestrutura energética britânica, em parte envelhecida, já enfrentou críticas por falta de modernização. A substituição de geradores a diesel por sistemas “verdes” menos robustos, conforme apontado por especialistas, pode ter comprometido a resiliência do backup de Heathrow, incapaz de suportar a demanda durante a crise.

Hipótese 2: vulnerabilidade sistêmica

Além de uma falha isolada, o incidente expõe uma vulnerabilidade sistêmica. Heathrow depende de uma única subestação externa, um ponto de falha crítico que, ao colapsar, paralisou um ativo estratégico nacional. A investigação da unidade antiterrorista da Polícia Metropolitana (Met) reflete a gravidade dessa dependência, mesmo que sabotagem não seja, por ora, a linha principal.

O governo britânico já enfrenta pressão para revisar a redundância energética de infraestruturas críticas, especialmente após cortes orçamentários e priorização de políticas ambientais sobre segurança operacional.

Hipótese 3: Guerra Híbrida Russa

Embora as autoridades descartem inicialmente sabotagem, a possibilidade de uma ação de guerra híbrida, como uma operação russa, não pode ser ignorada em um contexto geopolítico tenso. A Rússia tem histórico de ataques a infraestruturas críticas de adversários, frequentemente usando métodos que mascaram sua autoria — como incêndios “acidentais” ou ciberataques que induzem falhas físicas.

O fechamento de Heathrow, um nó logístico vital para o Ocidente, alinha-se com táticas de desestabilização que Moscou emprega contra a OTAN e seus aliados, especialmente após a escalada de sanções e o apoio britânico à Ucrânia.

Um ataque híbrido poderia envolver sabotagem física (ex.: infiltração para danificar o transformador) ou um ciberataque que sobrecarregasse o sistema, desencadeando o incêndio. A proximidade da subestação a Heathrow e sua falta de proteção militar reforçada a tornam um alvo plausível.

A ausência de evidências claras até agora não elimina essa hipótese, dado o padrão russo de operar em “zona cinzenta”, onde a autoria é deliberadamente obscurecida. A investigação da Met, focada nos equipamentos de distribuição, pode revelar anomalias que mudem essa narrativa inicial.

Implicações estratégicas

Independentemente da causa, o incidente de Heathrow é um alerta. Se for uma falha técnica ou sistêmica, expõe a necessidade urgente de investimentos em redundância e modernização energética. Se for uma ação hostil, sinaliza uma escalada nas ameaças híbridas contra o Reino Unido, exigindo contramedidas robustas — de inteligência a defesas físicas.

A British Airways, com 85% de seus voos retomados no sábado, simboliza a resiliência operacional, mas o custo econômico e reputacional já está contabilizado.

O incêndio em Hayes, que paralisou Heathrow, pode ser um acidente isolado, resultado de negligência ou obsolescência, mas a possibilidade de guerra híbrida russa permanece uma sombra plausível.

A investigação da Met será crucial para esclarecer os fatos, mas o Reino Unido deve agir rapidamente para proteger suas infraestruturas críticas. Heathrow está “aberto e totalmente operacional” hoje, mas o caos de sexta-feira ecoará como um lembrete: em um mundo de ameaças difusas, a linha entre falha técnica e ataque deliberado é tênue demais para ser ignorada.

Nota: Informações adicionais de fontes abertas e posts no X foram consideradas para esta análise, refletindo o cenário até 23/03/2025

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