O secretário de Estado britânico, William Hague, defendeu nesta quarta-feira os serviços secretos do Reino Unido, ao dizer que são um "recurso vital para manter a segurança do país", depois que foram acusados de cumplicidade com torturas.
Em discurso pouco comum, já que as autoridades britânicas sempre evitaram falar publicamente de seus agentes, Hague disse que muitos deles e suas fontes "arriscam suas vidas – alguns a perdem – para fornecer informações que garantam" a segurança dos cidadãos do país.
No entanto, o secretário reconheceu que a imagem do Reino Unido no mundo ficou comprometida após as acusações de que o MI5 e MI6 foram cúmplices nos voos secretos da inteligência americana e na tortura de supostos terroristas.
Hague insistiu que estas acusações devem ser averiguadas, mas disse que é sua obrigação proteger os membros dos serviços secretos, que dependem de seu departamento. Por isso, voltou a defender a utilização de visualizações secretas durante os julgamentos nos quais estejam envolvidos membros dos serviços de inteligência ou onde podem ser reveladas informações confidenciais.
Esta medida foi muito criticada pelas organizações de direitos humanos, por estas considerarem que o método vai contra o princípio de uma justiça aberta e representarem o risco de outros casos nunca serem conhecidos.
O cidadão britânico Binyam Mohammed, que esteve preso em Guantánamo, denunciou as autoridades britânicas por serem cúmplices das torturas pelas quais foi submetido depois de sua prisão no Paquistão em 2002. Em 2010, Mohammed ganhou um caso para o qual informações secretas relacionadas com suas supostas torturas foram desqualificadas.
Hague reconheceu que os serviços de espionagem proporcionam as questões éticas e legais mais difíceis, e explicou que a cada ano revisa centenas de propostas de operações das agências de inteligência e nem todas são aprovadas.
Contudo, o ministro disse que "o Reino Unido tem um dos serviços secretos mais articulados, com mais recursos e mais respeitados do mundo, e sem eles os grupos terroristas teriam caminho livre para causar danos a cidadãos britânicos" dentro e fora do país.