O Egito vai suspender na quarta-feira o estado de emergência em vigor há mais de trinta anos, salvo em caso de crimes violentos, declarou nesta terça o chefe do poder militar, o marechal Hussein Tantawi, em um discurso televisionado.
Esta suspensão, exigida com insistência pelas organizações de defesa dos direitos humanos e por vários partidos políticos, coincidirá com o primeiro aniversário do início da revolta que derrubou o presidente Hosni Mubarak.
"Tomei a decisão de pôr fim ao estado de emergência em todo o país, à exceção dos casos de combate a crimes violentos, a partir de 25 de janeiro de 2012 de manhã", declarou o marechal Tantawi.
Tantawi, que comanda o Egito desde a renúncia de Mubarak, lembrou os mártires e os feridos nos protestos e afirmou que a cúpula militar compartilha as ideias da revolução. "O povo e as Forças Armadas têm o mesmo objetivo: que o Egito se transforme em um país democrático e a nova Assembleia do Povo (Câmara Baixa) é o primeiro passo neste caminho", disse.
Em seu discurso, afirmou que a Câmara, que foi inaugurada na segunda-feira, "é fruto da revolução", já que é a primeira escolhida por "livre vontade dos egípcios mediante eleições transparentes". "Confio que a Assembleia do Povo será um fórum livre para a democracia e uma fortaleza constitucional que represente o povo. Este Parlamento abrirá o caminho para mais reformas", acrescentou.
Tantawi também agradeceu a alta participação dos cidadãos nas recentes eleições legislativas, nas quais os partidos islâmicos prevaleceram, e o trabalho desempenhado pelos diferentes governos que dirigiram o país na etapa de transição.
A lei sobre o estado de emergência, que permite limitar as liberdades públicas e realizar julgamentos em tribunais de exceção, foi mantida em vigor sem interrupção durante os trinta anos de governo Mubarak. Ela foi instituída após o assassinato do presidente Anuar el-Sadat por islamitas em outubro de 1981.
A suspensão desta legislação que simboliza a repressão do antigo regime é exigida pelos movimentos que iniciaram a revolta que levou à queda de Mubarak no ano passado, assim como pelas capitais ocidentais, em particular Washington.
Com informações adicionais da agência EFE