Mais de 6,4 mil pessoas morreram desde o início do conflito na Ucrânia, em abril de 2014, informou o escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos nesta segunda-feira (1). Apesar de os combates terem reduzido em número e intensidade, as dificuldades e os abusos contra a população civil persistem e há cada vez mais indícios de presença russa no território.
Em seu último relatório sobre a situação ucraniana, a ONU informou ainda que o número de mortes de civis reduziu bastante depois que uma trégua foi estabelecida em fevereiro, no chamado acordo de Minsk. Apesar disso, até o dia 30 de maio, o saldo do conflito havia sido de 16.962 feridos e 6.417 mortos – um número que pode aumentar, dada a grande quantidade de desaparecidos.
Crimes de guerra
Ainda que em menor quantidade, os combates continuam, assim como a chegada de armas pesadas e combatentes estrangeiros, principalmente da Rússia. "Mesmo com a redução das hostilidades, civis seguem sendo mortos e feridos", declarou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein. "Temos relatórios alarmantes sobre execuções sumárias perpetradas tanto por milícias armadas quanto pelas tropas ucranianas regulares".
Do lado rebelde, os crimes mais comuns contra civis são assassinatos, trabalho forçado e extorsão. O relatório cita uma mulher que foi sequestrada em Donetsk, a principal cidade controlada pelos separatistas, espancada e forçada a jogar roletas russas. Ela também viu outro preso ser espancado até a morte. O exército ucraniano é acusado de executar prisões secretas e arbitrárias. Esses casos são frequentemente seguidos de atos de tortura e tratamento degradante, informou al-Hussein.
Escassez, crise e êxodo
Há escassez de alimentos e produtos básicos, além de uma grave crise econômica. Desde dezembro, os ucranianos viram sua renda real cair 8,4% com uma inflação de 20,3% e desemprego a 9,7%. De acordo com projeção divulgada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) neste domingo, o PIB (Produto Interno Bruto) deve recuar 9% neste ano.
Mais de 5 milhões de pessoas foram afetadas pela guerra e 1,2 milhão tiveram de deixar suas casas. Não bastasse o trauma do êxodo, as autoridades ucranianas estabeleceram um sistema de visto para que refugiados possam entrar em zonas sob controle de Kiev, uma medida duramente criticada pela ONU: "as pessoas que tentam obter permissões de entrada (nessas regiões) enfrentam práticas de corrupção e atrasos de até três meses no processo".
De acordo com o governo ucraniano, até o dia 6 de maio, mais de 350 mil pessoas haviam pedido esses vistos e quase 275 mil haviam conseguido as autorizações.