A organização de direitos humanos Anistia Internacional (AI) afirmou ter evidências de atrocidades e execuções ilegais no conflito na Ucrânia, tanto pelas tropas de Kiev quanto pelos separatistas pró-russo.
Por outro lado, o relatório divulgado nesta segunda-feira (20/10), em Berlim, nega a existência de provas concretas de assassinatos em massa ou de valas comuns – como a imprensa russa afirmara em setembro.
O documento da ONG confirma que tanto os separatistas pró-Rússia quanto as Forças Armadas ucranianas cometeram execuções sumárias e acusa os dois lados de divulgarem informações falsas e exageradas. "Não há dúvidas em relação a execuções ilegais e atrocidades", garantiu a especialista em Ucrânia da AI, Jovanka Worner. No entanto, é difícil "verificar a dimensão" dos atos.
Em 23 de setembro, meios de comunicação russos relataram sobre a descoberta de valas comuns em Komunar e Nyzhna Krynka, na província de Donetsk, numa região até pouco antes controlada pelos militares ucranianos.
O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, chegou a mencionar a existência de cerca de 400 corpos nessas valas.
Nenhuma evidência de assassinatos em massa
Uma delegação da Anistia Internacional esteve em 26 de setembro no local e constatou, entre outros fatos, que quatro milicianos ucranianos haviam sido executados de forma extrajudicial. Os corpos foram encontrados em duas covas perto do vilarejo de Komunar.
"Muitos dos casos chocantes, em especial os que foram publicados pela imprensa russa, são totalmente exagerados", disse Worner, acrescentando: "Não há evidências convincentes de assassinatos em massa ou valas comuns.
Em alguns casos, vimos algumas execuções que podem ser consideradas crimes de guerra." A AI pediu que tanto a Ucrânia quanto a Rússia instaurassem investigações para apurar os crimes.
O Exército ucraniano e os separatistas pró-Moscou concordaram em um cessar-fogo no início de setembro, estipulando uma área desmilitarizada na fronteira russo-ucraniana. No entanto, continuam ocorrendo batalhas sangrentas, principalmente em torno do aeroporto de Donetsk.
De acordo com a ONU, apenas nas últimas sete semanas mais de 300 pessoas morreram na zona do conflito. Ambos os lados se acusam mutuamente de efetuar ataques contra civis.