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Análise: rebeldia no Congresso dos EUA pode ameaçar acordo com Irã

Mark Mardell

Uma questão vinha afligindo o governo de Barack Obama desde sua chegada à Casa Branca: como fazer com que o Irã desista do seu programa nuclear – acusado pelo Ocidente de ter fins não-pacíficos – sem recorrer a uma ação militar que possa arrastar os Estados Unidos para mais um um conflito?

O acordo fechado no fim de semana entre o Irã e um grupo de seis potências mundias (os cinco países do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) deu um pouco de fôlego às iniciativas pacíficas para lidar com o assunto, pelo menos para os próximos meses. A não ser que o Congresso americano decida o contrário.

O acordo em si é razoavelmente modesto. Ele congelaria os projetos nucleares do Irã. Em troca, a comunidade internacional colocaria fim a algumas sanções, facilitando o comércio do Irã nos setores de automóveis, petróleo, petroquímicos e ouro.

Obama sente que o acordo pode ser a solução para os problemas. Mas muitos analistas – tanto nos Estados Unidos, como fora – pensam que há um risco de ele possa estar enganado.

'Erro histórico'

Muito esforço foi colocado para se chegar a um acordo.

Fora dos Estados Unidos, as maiores críticas vêm de Israel. O premiê Benyamin Netanyahu disse que o acordo é um "erro histórico" e uma traição à Israel, e que vai fortalecer os críticos do presidente. A Arábia Saudita está preocupada com a possibilidade de a influência iraniana crescer.

No plano doméstico, alguns parlamentares americanos planejam novas sanções, mesmo dentro do Partido Democrata, de Obama.

Na semana passada, antes do acordo, o líder democrata no Senado, Harry Reid, disse:

"Eu vou apoiar um projeto de lei que aumente o escopo das atuais sanções ao petróleo, coloque restrições no comércio com setores estratégicos da economia iraniana e que persiga aqueles que desviam bens para o Irã."

Uma autoridade do primeiro escalão do governo Obama está preocupada com o fato de que qualquer tipo de nova sanção poderia "prejudicar o acordo".

Tecnicamente, Obama pode vetar qualquer tipo de sanção, mas politicamente isso não teria boas repercussões. Alguns senadores podem achar formas de colocar as sanções em meio a outros projetos de lei que são do interesse do presidente, dificultando a possibilidade de Obama exercer seu veto.

Novamente o Congresso americano está em uma posição em que pode derrubar as intenções do presidente. A oposição já conseguiu derrubar um plano de ataque à Síria, e recentemente quase paralisou toda a administração federal, com o chamado "shutdown" por causa do atraso em aprovar um novo limite para o orçamento do governo.

O Congresso também barrou avanços na limitação ao porte de armas e reformas no setor de imigração.

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