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Análise – A grande diferença entre as políticas militares dos EUA e da China

Por Patrick Tucker – Texto do Defense One
Nicholle Murmel – Tradução, adaptação e edição

 

No dia primeiro deste mês, os Estados Unidos publicaram sua nova estratégia nacional militar, poucos meses após a China ter divulgado seu próprio documento. Ambos os papéis são direcionados à leitura de um público mais amplo, e nenhum deles aborda tópicos específicos sobre armamentos e estratégia. Analisados juntos, esses registros criam um retrato interessante do contraste entre os pensamentos militares que nosteiam as duas superpotências.

A estratégia chinesa enfatiza o aprofundamento da chamada “integração civil-militar”.

“E em resposta às demandas que surgem da reforma ampla e profunda da China, as Forças Armadas continuarão a seguir o caminho da integração militar-civil (CMI), participando ativamente na construção econômica e social da nação, e na manutenção da estabilidade social, permanecendo um dos pilares que mantêm a posição de liderança do Partido Comunista, além de uma força confiável no desenvolvimento do socialismo com caráter chinês”, descreve o documento.

Além disso, o papel menciona esforços para “corrdenar o desenvolvimento da defesa nacional com o da economia, e aprofundar a integração entre setores militares e civis… exploração conjunta do mar, do espaço e do ar, e uso conjunto de recursos de prospecção, mapeamento, navegação, meteorologia e espectros de frequências variadas”.

Essas informações vão de encontro ao argumento de “entrelaçamento militar com setores civis de ciência e tecnologia como necessário para conseguir vantagem técnica sobre qualquer adversário em potencial”, escreve o pesquisador especialista em direito internacional, Heather Roff. “Em resumo, [a China] planeja embutir suas forças armadas em tudo”. E o que isso significa na prática? Um complexo militar-industrial ainda mais robusto que o dos Estados Unidos. Mas há algo mais sombrio se movimentando também.

Durante muito tempo Pequim concentrou mais esforços em aplacar ameaças internas, a chamada “manuntenção da estabilidade”, do que em inimigos externos. Se você acha que a polícia americana é militarizada, vá a Pequim.

Em 2014, a China ultrapassou os EUA como maior mercado mundial de equipamento e tecnologia de vigilância e busca. Em 2011, enquanto a Primavera Árabe se espalhava pelo Oriente Médio, Pequim aumentou os gastos com segurança interna em 13% – total de 624,4 bilhões de yuan (95 bilhões de dólares). Essa cifra representou um aumento maior que o do orçamento para o Exército de Libertação Popular, que recebeu apenas 12,7% a mais naquele ano, totalizando 601,1 bilhões de yuan.

Pouco tempo depois, a China parou de divulgar números dos investimentos em segurança interna em relação aos orçamentos militares. A linguagem da “integração militar-civil” na nova estratégia nacional chinesa faz alusão, de várias formas, a esse foco constante no policiamento militarizado como elemento central na estratégia de segurança nacional mais ampla.

Vamos comparar esses números com o orçamento militar americano de 598 bilhões de dólares – muito maior que o do Departamento de Justiça (que inclui policiamento) que fica em torno de 30 bilhões.

Considere também o conteúdo da estratégia militar divulgada este mês por Washington, que dá ênfase nas batalhas prolongadas contra o terrorismo: “é mais provável que enfrentemos campanhas longas do que conflitos rapidamente solucionáveis… Esse controle na escalada das ameaças está se tornando mais difícil e mais importante… E como uma saída contra a imprevisibilidade com recursos reduzidos, talvez precisemos ajustar nossa postura global”, diz o documento dos EUA.

Os Estados Unidos se preparam para a guerra sem fim no exterior. Na China, o foco é a guerra eterna em casa.

Leia também:

– Novo Livro Branco da Defesa Nacional da China define espaço exterior e internet como áreas de segurança de alta transcendência (link)

– EUA – Nova Estratégia Militar Nacional (link)

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