Por Diana Niedernhoefer
KARLSRUHE, Alemanha (Reuters) – Três possíveis membros da Al Qaeda estavam planejando um ataque a bomba na Alemanha há quatro meses quando foram presos, disseram promotores federais.
Rainer Griesbaum, um promotor federal, disse em coletiva de imprensa neste sábado que o trio, liderado por um marroquino de 29 anos, planejava detonar um dispositivo em um local lotado de pessoas, mas ainda não havia um alvo.
"Eles ainda estavam em fase experimental", afirmou Griesbaum. "Eles planejavam explodir um dispositivo cheio de peças de metal no meio de uma grande multidão."
Autoridades alemãs afirmaram que os suspeitos, presos nesta sexta-feira, pensavam em colocar a bomba em um ônibus ou em um ponto de ônibus.
Os três suspeitos foram presos em ações da polícia em Duesseldorf e na cidade próxima de Bochum às 6h30 da manhã da sexta-feira, depois de autoridades que monitoravam o grupo terem decidido que eles poderiam estar próximos de realizar um ataque. Os promotores disseram que o público não foi colocado em risco na operação.
O jornal Bild informou que o concurso Eurovision Song Contest, assistido por mais de 100 milhões de telespectadores, era um possível alvo. O evento será realizado na cidade de Duesseldorf no dia 14 de maio.
O marroquino, provável líder do grupo, é um universitário que abandonou os estudos e foi identificado como Abdeladim El-K. Ele foi acusado de planejar um ataque terrorista na Alemanha e de ser membro de uma organização terrorista estrangeira. Os outros dois suspeitos ainda estão sendo interrogados.
Griesbaum disse que o marroquino esteve em um campo de treinamento da Al Qaeda na região do Waziristão, no Paquistão, perto da fronteira do Afeganistão, em 2010. Ele retornou à Alemanha em maio do ano passado e tentava construir uma rede terrorista com sete a oito membros.
Mas também poderia ser mais do que isso," afirmou Joerg Ziercke, presidente da Agência Federal do Crime, em coletiva de imprensa no escritório do promotor em Karlsruhe. "Descobriremos mais durante as investigações."
Os suspeitos comemoraram o ataque a bomba em Marrakesh na quinta-feira, quando 15 pessoas morreram, disse Griesbaum.
NÃO ERA ATAQUE SUICIDA
Os outros dois suspeitos são um eletricista de 31 anos, identificado como Jamil S., que tem cidadania alemã e marroquina, e um jovem de 19 anos com cidadania alemã e iraniana, chamado Amid C., que estava se formando no colégio.
Jamil S. tinha a missão de financiar o ataque e obter papéis de identidade para Abdeladim El-K. Amid C. realizava a comunicação criptografada.
A revista alemã Der Spiegel informou neste sábado que a CIA e a inteligência marroquina trabalharam com autoridades alemãs na investigação.
Ziercke afirmou que os três inspecionaram prédios públicos e fizeram downloads de informações sobre explosivos na internet.
"Mas não temos indicações de que eles estavam planejando um ataque suicida", afirmou Ziercke.
Autoridades disseram que decidiram lançar uma operação na sexta-feira depois que os suspeitos discutiram a construção de um "detonador para uma bomba" extraindo hexamina de acendedores de chamas e misturando com peróxido de hidrogênio e ácido cítrico.
No ano passado, um tribunal em Duesseldorf condenou quatro militantes que admitiram estar planejando "um monstruoso banho de sangue" com carros-bomba em alvos norte-americanos. Eles ficaram conhecidos como "grupo de Sauerland", devido à região do oeste da Alemanha onde foram capturados.
Países europeus estão lutando contra ameaças de militantes há anos, regularmente prendendo indivíduos ou grupos suspeitos de planejar ataques parecidos com os de Madri, em 2004, e Londres, em 2005, que causaram a morte de mais de 200 pessoas.
O governo local vê a Alemanha como um potencial alvo, pois o país tem quase 5.000 soldados estacionados no Afeganistão, o terceiro maior contingente da força internacional, que tem 150 mil homens e combate a insurgência liderada pelo Taliban.