O governo alemão disse nesta segunda-feira que está conversando com seus aliados a respeito de uma possível mobilização militar na Síria, o que provocou uma reação forte do Partido Social-Democrata (SPD) e um novo conflito na coalizão tensa da chanceler Angela Merkel.
Ações militares no exterior continuam sendo um tópico delicado e profundamente impopular na Alemanha devido ao seu passado nazista. A participação em ataques aéreos na Síria também colocaria Berlim em rota de colisão com a Rússia, a principal apoiadora do presidente sírio, Bashar al-Assad.
O porta-voz do governo, Steffen Seibert, disse que a Alemanha debateu seu possível envolvimento militar com os Estados Unidos e aliados europeus caso as forças de Assad usem armas químicas contra o último grande bastião rebelde de Idlib, atualmente sob intenso bombardeio sírio e russo. “Não houve uma situação na qual tenha sido preciso tomar uma decisão”, disse Seibert em uma coletiva de imprensa de praxe, acrescentando que o governo incluirá o Parlamento em qualquer decisão.
Mais cedo o jornal Bild havia noticiado que o Ministério da Defesa alemão, de liderança conservadora, está examinando as opções possíveis para se unir a forças norte-americanas, britânicas e francesas em qualquer ação militar futura se Damasco empregar armas químicas.
O jornal disse que o Parlamento só será notificado de uma eventual ação militar depois do fato se uma ação rápida for necessária.
Erdogan diz que ataque a Idlib, na Síria, causaria riscos humanitários e à segurança
Em um artigo no Wall Street Journal, Erdogan também pediu que a comunidade internacional tome providências sobre Idlib, o último enclave rebelde na Síria, e advertiu que, se isso não ocorrer, “o mundo inteiro vai pagar o preço”.
Erdogan, que se reuniu com seus colegas russos e iranianos em uma cúpula em Teerã na semana passada, também disse que a Rússia e o Irã têm a responsabilidade de impedir um desastre humanitário em Idlib.
Rússia acusa EUA de lançarem bombas de fósforo contra Síria
As Forças Armadas da Rússia disseram no domingo que dois caças F-15 norte-americanos lançaram bombas de fósforo contra a província síria de Deir al-Zor no sábado, disseram as agências de notícia Tass e RIA. Os Estados Unidos negaram a acusação.
Os ataques aéreos visaram o vilarejo de Hajin, o último grande reduto do Estado Islâmico na Síria, e provocaram incêndios, mas não houve informações sobre vítimas, afirmaram as Forças Armadas russas.
Um porta-voz do Pentágono negou que aviões norte-americanos tenham lançado bombas de fósforo. “Até agora, não recebemos qualquer relatório de qualquer uso de fósforo branco”, disse o comandante Sean Robertson. “Nenhuma das unidades militares da área se quer está equipada com munições de fósforo branco de qualquer tipo”.
Grupos de direitos humanos disseram que coalizões lideradas pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico já usaram munições de fósforo branco durante a guerra da Síria.
As bombas podem criar densas cortinas brancas de fumaça e são utilizadas como dispositivos incendiários. Grupos de direitos humanos criticam seu uso em áreas povoadas, porque as bombas podem matar e mutilar ao queimar pessoas até os ossos.