Por John Campbell – Texto do Defense One
Tradução, adaptação e edição – Nicholle Murmel
Na melhor das épocas, o nordeste da Nigéria e países vizinhos como Chade, Níger e Camarões estão entre os mais pobres do mundo. Segurança alimentar é especialmente frágil em um cenário de desertificação e superpopulação. Mas não estamos na melhor das épocas.
Nas áreas em que o movimento radical islâmico Boko Haram opera há pouco ou nenhum plantio e colheita de alimentos, em alguns cashos já há três anos. O embate entre o Boko Haram e as forças de segurança nigerianas deslocou muitos moadores dessas regiões para o norte. O número de pessoas internamente deslocadas (IDP na sigla em ingês) dentro do território não é conhecido, mas estimativas credíveis apontam um milhão de habitantes. A maioria dessas IDPs são acolhidas por familiares, e algumas recebem assistência da Agência Nigeriana de Gestão de Emergência (NEMA).
Legalmente falando, esses deslocados são responsabiligade do governo em Abuja. Porém, uma vez que cidadãos deslocados deixam a Nigéria, eles se tronam refugiados e a passam a ser responsabilidade da comunidade internacional, especialmente da Alta Comissão para Refugiados das Nações Unidas (UNHCR), conforme vários acordos e protocolos da ONU. Neste mês, a UNHCR informou que cerca de 7.300 refugiados nigerianos fugiram para o Chade como resultado das campanhas do Boko Haram na cidade de Baga, na fronteira.
Em 08 de janeiro, o primeiro ministro do Chade, Kalzeube Pahim,fezum apelo por mais assistência internacional para que seu governo possa responder ao fluxo de refugiados. A UNHCR concorou em ajudar com a realocação dessas pessoas, que acabaram isoladas no Lago Chade quando tentavam fugir do Boko Haram. O órgão da ONU estima que mais de 10 mil refugiados nigerianos tenham ido para o Chade por conta dos combates em Baga e ataques anteriores do Boko Haram em áreas próximas.
Já o Níger pode ter ainda mais refugiados do que o Chade. Um censo conduzido pelo país com apoio técnico da UNHCR concluiu que pelo menos 90 mil refugiados da Nigéria chegaram ao Níger desde maio de 2013 (esse númer inclui muitos cidadãos do níger que moravam na Nigéria). A UNHCR e a Comissão Nacional de Qualificação do Níger estabeleceram um campo de refugiados, no qual alguns dos emigrantes foram cadastrados e recebeream cuidados básicos como água potável e latrinas.
É provável que haja ainda mais campos de refugiados se as campanhas de terror do Boko Haram no norte da Nigéria continuarem sem quem as enfrente.
Povos africanos têm uma longa e honorável tradição de acolher refugiados, frequentemente sem o conhecimento das autoridades do governo. Isso parece ser especialmente real no caso dos nigerianos deslocados pelo Boko Haram.
Ainda assim, refugiados fugindo da Nigéria são uma responsabilidade internacional e é questão de tempo até que a comunidade internacional seja obrigada a reforçar o apio à UNHCR e outras agências de auxílio como o World Food Program, a fim de responder ao desastre humanitário que se alastra silenciosamente no nordeste da Nigéria.