Os talibãs denunciaram nesta quinta-feira como um "ato de barbárie" um vídeo no qual quatro soldados com uniformes americanos urinam sobre três cadáveres apresentados como insurgentes talibãs.
"Nos últimos 10 anos, aconteceram centenas de atos similares que não foram revelados", afirmou à AFP Zabihullah Mujahed, porta-voz dos talibãs, que lutam há 10 anos contra o governo de Cabul e seus aliados da força da Otan, dirigida pelos Estados Unidos.
No entanto, o porta-voz talibã afirmou que os atos do vistos no vídeo não vão afetar os esforços para as duas partes manterem conversações de paz. "Este não é um processo político. Portanto, o vídeo não vai prejudicar nossas conversações e troca de prisioneiros porque elas estão num estágio preliminar", disse o porta-voz Zabihullah Mujahid.
"Estamos na fase inicial (do diálogo) no Catar. Neste momento, se trata apenas de uma troca de prisioneiros (de Guantánamo). Não acredito que este novo problema afete as negociações com os Estados Unidos", afirmou o porta-voz Zabiullah Mujahid.
Na quarta-feira, o corpo de infantaria da Marinha dos Estados Unidos anunciou ter iniciado uma investigação sobre o vídeo amador divulgado na internet e, ao que parece, filmado durante uma operação no Afeganistão.
Nas imagens aparecem quatro homens com uniformes militares americanos que urinam sobre três cadáveres ensanguentados, conscientes de que outra pessoa está filmando. Também é possível ouvir um deles dizendo "tenha um bom-dia companheiro" para o corpo sobre o qual urina.
Este tipo de comportamento é punido pelo código de justiça militar, afirmou uma fonte militar em Washington. De acordo com a mesma fonte, o tipo de capacete e a arma de um dos homens parecem indicar, caso a autenticidade do vídeo seja confirmada, que se trata de um grupo de franco-atiradores.
As imagens do que parece ser um ato isolado podem fazer o mundo muçulmano recordar do escândalo de Abu Ghraib em 2004, quando imagens de prisioneiros iraquianos humilhados por militares americanos deram a volta ao mundo.
Segundo o Conselho para as Relações Americana-Islâmicas, principal associação muçulmana americana, as imagens colocam em risco outros soldados e civis afegãos.
Nos últimos anos, vários casos similares de suposta profanação por soldados (boatos de exemplares do Corão jogados no vaso sanitário, por exemplo) ou por jornais ocidentais (caricaturas de Maomé) provocaram revolta no Afeganistão e manifestações violentas que provocaram mortes.