O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, com ordem de prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional de Haia por crimes de guerra e genocídio, reuniu-se nesta quarta-feira com seu colega chinês Hu Jintao, um encontro que culminou com a assinatura de vários acordos de ajuda econômica e tecnológica chinesa ao país norte-africano.
Os acordos, que incluíram empréstimos chineses para o desenvolvimento de infraestrutura e equipamentos (com quantias não detalhadas), foram assinados em cerimônia ao fim do encontro entre Hu e Bashir, no Grande Palácio do Povo.
Na reunião, realizada após a habitual passagem em vista das tropas chinesas, Bashir classificou o presidente Hu de "amigo e irmão" e agradeceu a "calorosa acolhida", importante para um líder que teve negado expressamente a entrada em muitas nações, incluindo vizinhos africanos.
Hu expressou sua confiança que a viagem de seu colega sudanês "consolide e desenvolva a tradicional amizade chinês-sudanesa e promova uma substancial cooperação", e afirmou que a boa relação entre ambos os países continuará "apesar das mudanças internacionais ou da situação nacional no Sudão".
No primeiro dia da viagem, na terça-feira, o presidente sudanês visitou a maior petrolífera chinesa e assinou acordo de cooperação com o Governo do Sudão, renovando o assinado há quatro anos.
Bashir chegou nesse mesmo dia à capital chinesa, um dia após o previsto, por problemas de até mesmo conseguir permissão para sobrevoar o espaço aéreo do Turcomenistão.
A viagem do presidente sudanês à China foi criticada por organizações pró-direitos humanos pelo fato de que Bashir tem ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia por crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio em Darfur, onde 300 mil pessoas morreram desde o ano 2003.
Há quem cogite a possibilidade de que a ordem de captura do TPI fosse a verdadeira causa do atraso da chegada à China de Bashir, pela recusa de muitos países de que o avião presidencial cruze seu espaço aéreo (no entanto, Turcomenistão não é um país membro dessa instituição).
A ONG Human Rights Watch exigiu de Pequim que não recebesse e inclusive detivesse Bashir, mas na véspera, o Ministério de Relações Exteriores chinês insistiu em que o Sudão é "um país amigo", e manifestou suas reservas com relação à ordem de captura do TPI, lembrando que China também não é membro do tribunal.