Igor Siletsky
Assim, surgiram informações sobre a detenção de uma família sérvia que adotara a ideologia e costumes de wahhabitas. Ao chefe da família e ao seu sogro foram apreendidas armas e munições. Como se apurou, os homens mais de uma vez “iam lutar na Síria” para apoiar seus correligionários oposicionistas ao regime de Assad.
Simultaneamente, no norte de Montenegro, perto da fronteira com o Kosovo, se realizou uma reunião de islamitas sob os auspícios da Turquia e Arábia Saudita. Segundo os últimos dados, hoje em dia, nas regiões muçulmanas do nordeste de Montenegro, consideradas as mais pobres, habitam no mínimo 200 seguidores do Islã radical. Parece não ser uma quantidade muito grande, mas a Agência de Segurança Nacional se mostra apreensiva com o crescimento de tais ânimos, apontando para uma “ameaça direta para o seu país”.
Na Bósnia, os wahhabitas estão sendo treinados em ginásios escolares. São conhecidos há muito tempo centros de instrução e uns grupos armados que atuam nesse país sob égide da Al-Qaeda. É sabido que os combatentes treinados na Bósnia participaram nos atentados terroristas perpetrados em 2004 em Madrid. E a situação desde então parece não ter alterado muito: nos uniformes de terroristas mortos na Síria foram encontrados, reiteradas vezes, passaportes bósnios.
A última informação do gênero chegou até nós em 27 de setembro. A Macedônia também está enfrentando o triste fenômeno de extremismo islâmico. Segundo o perito em questões de segurança, Ivan Babanovski, os campos da Al-Qaeda se encontravam nas zonas controladas outrora pelo Exército de Libertação Nacional. Trata-se dos grupos armados que invadiram a Macedônia a partir do Kosovo em 2001. Atualmente, em Kosovo, num centro de instrução perto de Kaçanik, dirigido por antigos combatentes do Exército de Libertação, estão sendo preparados voluntários que partem para a guerra na Síria.
Perante este e outros fatos, se torna mais clara a posição assumida por capitais europeias e por Washington. O “Kosovo Independente” foi sempre e continua sendo um projeto dos EUA e de seus aliados. Por isso, eles têm conhecimento de tudo o que acontece nesse território. Infelizmente, este exemplo não é único no meio de muitos centros de preparação financiados pelo Ocidente, disse à Voz da Rússia o perito da Alemanha, doutor catedrático Hans Krech:
“Veja-se um relatório publicado há dois meses pela revista norte-americana Defense and Foreign Affair Strategic Policy. Conforme esta prestigiosa edição, os serviços especiais dos EUA têm instruído na Jordânia cerca de 3 mil combatentes para fazer ofensiva a Damasco. E esta não será a primeira tentativa sua, por se terem envolvido em combates com outros rebeldes que tinham impedido o seu avanço. Isto podia ter sido uma parte da ação de retaliação contra o emprego de armas químicas, preparada antes pelos EUA. Nos jornais árabes também li que os serviços especiais da França se envolviam em projetos de preparação militar de extremistas."
Jihad mundial
Um inquérito, realizado pela emissora Voz da Rússia, veio demonstrar que a jihad está batendo à porta de capitais européias.
Uma cidadã francesa de 20 anos tentou estabelecer contato com terroristas através da Internet. É verdade que, nesse caso, a polícia reagiu rápida e oportunamente: a moça foi detida para esclarecer motivos de seu desejo de entrar em contato com a Al-Qaeda.
Claro que as medidas profiláticas são indispensáveis. Todavia, os fatos vêm demonstrando que os islamitas radicais na França se tornam cada vez mais ativos. Sob este pano de fundo, os poderes como se não vissem este problema global e, após cada investida de terroristas, dizem que se trata de um "caso particular". Tal abordagem é partilhada pelo perito do Centro Estratégico Europeu de Inteligência e Segurança, Alain Chouet.
"É um simples caso da crônica criminal, dado existirem jovens que, navegando na Internet, se interessem pela Al-Qaeda. Ao mesmo tempo, não se deve exagerar a escala deste fenômeno: perante a comunidade muçulmana de cinco milhões de residentes na França, tais casos não são freqüentes. No entanto, tomamos medidas policiais e jurídicas que pressupõem a intervenção rápida e eficiente.
Contamos com a rede de agentes de segurança internos que nos dão uma idéia sobre a situação que se vive em "comunidades de risco". A combinação de possibilidades jurídicas e policiais nos permite seguir de perto a atividade dos que podem vir a apresentar perigo nessa área. Não se trata de terroristas, mas daqueles elementos que, influenciados pela doutrina extremista, pudessem aderir aos adeptos da jihad".
Enquanto isso, a situação na França tem sido vista sob um prisma diferente por peritos da Bélgica vizinha. Veja-se a opinião da presidente honorifica do Senado belga, Anne-Marie Lizin:
"Em ambos os países estamos assistindo ao recrutamento de jovens para envolvê-los em operações em prol da "guerra santa", ou seja, jihad. Assim, as pessoas se transformam em mercenários pagos por certos países interessados. As operações de recrutamento são realizadas por sunitas e indivíduos de ânimos extremistas. Pensamos que as potências empenhadas em tais ações, devem suspendê-las imediatamente. Por exemplo, a Arábia Saudita. Nesse país, há quem diga ser possível prosseguir a recrutamento sem o apoio dos EUA. Acho que estão enganados".
Os dados mais chocantes foram citados pelo jornalista francês Jean-Michel Vernochet no seu livro Les Égarés. Segundo ele, nos últimos anos foram preparados na França cerca de 400 combatentes que depois teriam partido para a Síria a fim de apoiar a oposição. Cedo ou tarde, regressarão para a casa, sendo pouco provável que prefiram depois a vida de cidadãos pacatos.
Por isso, a jihad, na visão de Vernochet, já se encontra à porta de cidades européias, enquanto as autoridades fazem de conta que nada acontece. No caso de França, já não se trata de alguns atos ou episódios de terror. Conforme o jornalista, o Qatar, bem como a Arábia Saudita, vem "comprando" a França.
Este pequeno país, com um rendimento per capito mais alto no mundo, já adquiriu o clube de futebol Paris Saint-Germain (PSG), uma parte das ações do gigante financeiro Vinci e os títulos de valor da empresa petrolífera Total.
As previsões feitas por Vernochet fazem lembrar cenas de um romance anti-utópico: os franceses não deverão estranhar muito se, digamos, dentro de 10 anos, eles tiverem de fazer salá sob o cano de metralhadora, verão a Catedral de Notre-Dame de Paris demolida, as vinhas destruídas e as suas mulheres e filhas vestidas de xador. Tal será uma França nova sob o domínio de wahhabitas.
Tradução: Voz da Rússia