A Força Aérea Brasileira (FAB) realiza no sul do Brasil o Exercício Conjunto (EXCON) Escudo-Tínia 2023.
Nelson During
Editor-chefe DefesaNet
A Força Aérea Brasileira (FAB) realiza no sul do Brasil o Exercício Conjunto (EXCON) Escudo-Tínia 2023.
O EXCON Escudo Tínia planejado e preparado com esmero pelo Comando de Preparo (COMPREP) da FAB, adquire em 2023, um significado muito além de treinar e aferir o nível operacional de esquadrões, pilotos, equipes de apoio, comando e controla e da defesa antiaérea.
Ao todos estão participando cerca de 1.200 militares, 30 aeronaves da FAB e 12 esquadrões aéreos e os Primeiro, Segundo e Terceiro Grupos de Defesa Antiaérea (1º, 2º e 3º GDAAE), da FAB, além de unidades da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro. Inclui a aviação Naval com os A-4 Skyhawk do VF-1 e também helicópteros das três Forças. O EXCON Tínia segue até o dia 17 Novembro.
No Midia Day (03NOV2023), a decolagem de 12 caças F-5EM/FM, originários de vários esquadrões foi o momento mais emocionante. Enquanto os caças realizavam um balê rodando pela pista, a memória volta 18 anos quando em 2005 era apresentado na mesma Base de Aérea de Canoas, o F-5EM de modernizado. Trabalho realizado à três mãos (EMBRAER Defesa, AEL Sistemas e FAB), e veio a ser o melhor trabalho de modernização da indústria aeronáutica brasileira.
O sucesso da modernização dos F-5 da FAB foi reconhecido internacionalmente, em 2008, numa consistente participação na Red Flag, do Esquadrão Pampa (1 º/14º Gav). Os caças brasileiros pilotados por jovens e experientes pilotos conseguiram registrar vários kills de aviões mais modernos como F-15 e F-16, um feito notável para uma força aérea sul-americana. Se reconhece que a FAB possui os F-5 mais modernos do mundo.
Essa modernização era uma ponte para o futuro F-X1, que tornar-se-ia o F-X2 e o pequeno notável ainda permanece em operação sendo a espinha dorsal da FAB, e deixou para trás os Xavante, Mirage III, Mirage 2000, AMX, e ja faz sombra ao seu substituto.
Em agosto de 2005, a convite do Comando da Aeronáutica, DefesaNet teve a honra de participar da apresentação aos pilotos do GDA, em Anápolis, das características do Mirage 2000C/B.
Na oportunidade o editor de DefesaNet pediu a palavra e cumprimentou aos “Jaguares”, assim chamados os pilotos do GDA, que mantiveram o “Espírito da Caça”, mesmo com os seus Mirage III, já sem visão e muitas dificuldades operacionais. A unidade de glamour era até evitada pelos pilotos.
Os 12 caças foram recebidos pelo GDA, em 2006, para dar à FAB um guarda-chuva temporário até ser definido o novo caça. Os caças Mirage 2000C/B cumpriram sua missão e foram retirados do serviço. Hoje fazem falta.
Os pequenos notáveis permanecem em serviço. Em 2014 foi escolhido o F-X2 e o contrato assinado em 2015.
A aeronave do Programa F-X2 veio a ser o “Sísifo Moderno” (fábula grega daquele que realizava o interminável trabalho de rolar a pedra ao cume do monte).
Os membros do GDA estão há 8 anos mantendo o brio do “Espírito da Caça”.
Outras aeronaves estão em fim de carreira como o AMX A-1, que deverá ser retirado de operação, em 2025. A única aeronave no arsenal da FAB capaz de lançar bombas guiadas a laser, fazer reconhecimento armado e aquisição de alvos, além de poder operar pods de Guerra Eletrônica e Reconhecimento.
O grupo de Jornalistas e Spotters que presenciaram a decolagem dos 12 caças F-5E/FM, pode não saber de todas as etapas relatadas acima, mas reconhecem que presenciavam um momento notável de bravura, determinação e persistência de manter o espírito da caça vivo
DefesaNet publicou um artigo que teve ampla repercussão, “Gripen e Suécia – Os impactos da geopolítica no Programa Gripen e a necessidade de reavaliar”.
Reconhecemos que erramos, fomos ambiciosos no artigo, levados pela emoção, nosso futuro não será o F-35, mas sim o F-16. Falta definir qual o Block será (nível de modernização) . Ou exatamente a volta ao ano de 2000, quando a Lockheed Martin oferecia a aeronave à FAB e ao Chile e à Argentina. Curiosamente se confirmar a informação o Brasil será o último ter o F-16
O VIP Day do EXCON Escudo-Tínia 2023, não será um mero evento protocolar. Com a presença do Ministro da Defesa José Múcio, Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro-do-Ar Marcelo Damasceno acompanhados de quase 50 brigadeiros, não virão ao sul para iluminar o Pampa, mas sim definir o rumo da Força Aérea Brasileira.
A situação está para a FAB em uma obsolescência em bloco:
- AMX A-1 programado para ser desativado em 2025
- E os caças F-5EM/FM com previsão de estarem em operação até 2032-2034
Caros senhores o tempo é aqui e agora!
O Ministro da Defesa e o Comandante da Aeronáutica deveriam ir à Suécia, porém os eventos internacionais fizeram mudar a rota.
O Ministro irá aos EUA no fim do mês, porém pode ser abatido pela “nomenklatura” do Itamaraty, que não conhece fita métrica.
Corremos do risco de ter pilotos desinteressados não só do GDA, mas da BACO, BASM, BASC e onde tiver Bases Aéreas. Menos no Grupo de Transporte Especial (GTE). Lembrar que o plano de 2008 era de que a cada quatro anos um esquadrão participaria de um exercício internacional como Red Flag. Fazem 15 anos que a FAB não participa de um grande exercício padrão OTAN.
E o Leonardo M346 desde já se apresenta como uma necessidade urgente para formação avançada de pilotos a e substituição dos AMX A-1M, o único vetor de ataque da FAB, capacidade que é tão estratégica para a Força como é a defesa aérea.
De tudo temos que a Mitologia conta que o Sísifo era considerado o mais astuto de seu tempo.
O mundo está em crise como não víamos há décadas. Estamos preparados e em condições? Certo ou errado, a responsabilidade recai ao decisor. É hora de agir e decidir. A FAB precisa de aviões de combate com urgência e não se pode esperar mais. Estender a vida do F-5EM não é mais uma opção. Outras já estão na mesa à espera da decisão.
Nota
Tínia é uma figura mitológica Creta similar ao Grego Zeus.