O país deve evitar a "armadilha" de identificar suas áreas de fronteira apenas como regiões de criminalidade, recomendou ontem o assessor especial da Subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alberto Kleiman. Em audiência pública promovida pela Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira, vinculada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele alertou para a necessidade de estimular o desenvolvimento nas áreas próximas aos países vizinhos.
Segundo o assessor, tem prevalecido em relação às áreas de fronteira a percepção de uma agenda negativa, que inclui a criminalidade e a depressão econômica de vastas regiões "historicamente relegadas" pelo poder público. Ele recordou que uma das prioridades do governo federal é a integração regional, que passa justamente pelas fronteiras. Lamentou, porém, a marginalidade do tema na agenda política nacional.
O assessor especial apoiou ainda a proposta do alto representante-geral do Mercosul, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, de destinar mais recursos ao Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), que visa estimular o desenvolvimento das regiões mais pobres do bloco.
— A única forma de a América do Sul se desenvolver é de forma integrada. O foco só em problemas de segurança não é um sinal positivo. É preciso pensar em integração e desenvolvimento, para os quais necessitamos de mecanismos integrados, como a ampliação do Focem — afirmou.
O presidente da subcomissão, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), concordou com a necessidade de retirar das regiões de fronteira o "estigma" da criminalidade. Atualmente, reconheceu, a fronteira é vista como um "lugar de bandalheira". O senador observou ainda que os reflexos do descaso com essas regiões são percebidos nos grandes centros.
— A droga que chega aos grandes centros vem de onde? As armas vêm de onde? — acentuou, lembrando ainda o problema de contrabando de gasolina da Venezuela e de diamante para a Guiana.