Contingente será formado por cerca de 150 militares da 6ª Divisão de Exército de unidade de Santana do Livramento, Bagé e Jaguarão. Na foto acima uma característica do terreno chamado “Lavradio”, característico de Roraima
Humberto Trezzi
Zero Hora
20 Abril 2024
O Rio Grande do Sul vai enviar tropas para o rodízio do contingente que foi enviado para a fronteira do Brasil com a Venezuela Guiana, em maio. A notícia foi dada pelo Comandante do Comando Militar do Sul (CMS), general Hertz Pires do Nascimento, durante cerimônia do Dia do Exército realizada na sexta-feira (19).
O Exército Brasileiro reforçou nos últimos meses a presença em Roraima, desde que a Venezuela ameaçou tomar uma parte do território da Guiana, a província de Essequibo, rica em petróleo e disputada historicamente pelos dois países. Como a tensão cresceu, o ministério da Defesa do país decidiu aumentar a presença bélica na região. É aí que entra a força-tarefa dos gaúchos. Substituirá outro contingente do CMS, formado com membros da 5ª Divisão de Exército enviados anteriormente.
Conforme o general Hertz, deve ser enviado membros de unidades de Cavalaria Mecanizada.
As viaturas blindadas em especial o grupamento de 28 blindados já foi enviado para reforçar a fronteira com a Guiana. Eles saíram do Mato Grosso do Sul. Não está descartado que blindados sejam enviados pelo Rio Grande do Sul, mas o que já está certo é o envio de tropas gaúchas. O contingente é formado por cerca de 150 militares da 6ª Divisão de Exército de unidades localizadas nas de Santana do Livramento, Bagé e Jaguarão, todas cidades fronteiriças com o Uruguai. A presença de gaúchos será parte de um rodízio determinado pela cúpula do Exército.
A transferência de blindados para o norte do país faz parte da Operação Roraima, que tem reforçado a presença militar no norte do país mandado equipamentos militares para a região amazônica. Segundo o Exército, o projeto prevê o aumento em 10% o efetivo de tropas no Comando Militar do Norte e no Comando Militar da Amazônia. O leitor até pode estranhar a presença de blindados na região amazônica, mas é que Roraima tem um extenso planalto composto de campos, numa geografia semelhante à do Rio Grande do Sul, propícia ao uso de carros de combate no patrulhamento. É o chamado Lavradio.
A estrutura da unidade militar de Roraima será ampliada de esquadrão para regimento. Após a transformação completa da unidade, prevista para 2025, o regimento passará a ter três esquadrões e um efetivo de cerca de 600 militares de Cavalaria Mecanizada , o triplo do contingente original.
Estão na fronteira com a Guiana, hoje, 14 viaturas blindadas multitarefa (VBMT) 4×4 Guaicurus (equipadas com sistemas de armas remotamente controlados, meios de visão termal e módulos de comando e controle), além de oito viaturas blindadas de transporte de pessoal médio sobre rodas Guarani (com canhão e metralhadora), seis viaturas blindadas de reconhecimento média sobre rodas EE-9 Cascavel (com canhão e metralhadora), e algumas viaturas administrativas. Esse esforço logístico, em um país de dimensões continentais, tem por objetivo incorporar meios blindados modernos ao 18° Regimento de Cavalaria Mecanizado, mais nova Unidade do Comando Militar da Amazônia.
O deslocamento de tropas e equipamentos militares para Roraima teve início após a escalada de tensões entre Venezuela e Guiana causada pela disputa pelo território de Essequibo. Alvo de uma controvérsia que remonta ao século 19, esse território voltou a ser reclamado pelo governo da Venezuela no ano passado.
Em dezembro de 2023, os eleitores venezuelanos aprovaram, em referendo, a incorporação de Essequibo, que soma 75% da atual Guiana. O território de 160 mil km², com população de 120 mil pessoas, é alvo de disputa pelo menos desde 1899, quando esse espaço foi entregue à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época. A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”.