Marcela Leite
Do UOL, em São Paulo
Seis meses depois da facada que atingiu Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial em Juiz de Fora (MG), o Ministério Público de Minas Gerais afirmou que laudos produzidos pelo Estado e pela defesa mostram que Adelio Bispo de Oliveira, o agressor, tem problemas mentais.
De acordo com reportagem do SBT hoje, a Justiça decidirá se condena ou não Adelio após outra avaliação psicológica. Se comprovados os transtornos mentais, Adelio pode ser encaminhado a tratamento psiquiátrico.
Além da ação penal, Adelio está na mira de duas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. No primeiro inquérito, concluiu-se que ele agiu sozinho. O segundo investiga se o atentado tem ligação com facção criminosa ou com organização política, como o PSOL, partido ao qual o homem era filiado.
Na semana passada, Bolsonaro disse que teve acesso a áudios obtidos por setores de Inteligência que mostrariam interesse do PCC em relação ao atentado. Ele disse esperar que novas informações sejam descobertas sobre o esfaqueador com investigações e análises do imposto de renda do suspeito – que poderiam demonstrar se houve financiador do ato.
Segundo o advogado de Adelio, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, o cliente diz que agiu sozinho e por "ordem divina". "Ele disse que Deus falou com ele e se coloca como super-herói, como herói do Brasil", conta.
Outra polêmica envolvendo o caso Adelio é quem pagou a defesa do homem, já que o nome do contratante não foi divulgado pelo advogado nem encontrado pela Justiça, mesmo após investigação.
Em entrevista ao SBT, Zanone disse que um conhecido de Adelio se ofereceu para pagar os custos da defesa — R$ 300 mil. Até o momento, no entanto, o advogado diz só ter recebido R$ 5.000.
PF diz a Bolsonaro que não há sinal de outros envolvidos no atentado à faca
Fabio Serapião e Breno Pinheiro
25/02/2019 21h47
Em reunião realizada hoje, a Polícia Federal informou ao presidente Jair Bolsonaro que, até agora, não há evidência da participação de outras pessoas além de Adélio Bispo no atentado cometido em setembro. A PF explicou que o inquérito ainda está em andamento. Falta concluir a análise dos materiais apreendidos com um advogado do autor do ataque.
O encontro no Planalto foi realizado duas semanas após o presidente cobrar da Polícia Federal uma solução para o caso. Estavam presentes o delegado federal responsável pelo caso, Rodrigo Morais, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o superintendente da PF em Minas Gerais, o delegado Cairo Costa Duarte.
Antes da reunião, Moro disse à imprensa que ainda não havia uma conclusão e disse que na ocasião o presidente seria informado do andamento:
"O presidente é a vítima, então é interessado. Então, será apresentado a ele o resultado da investigação até o momento"
Até o momento, a tese sobre a atuação isolada de Bispo é a que prevalece no segundo inquérito instaurado pela PF. No primeiro, que focou na apuração sobre quem era o autor da facada, a PF já havia concluído que os indícios levantados apontavam para a ausência de mandantes ou de incentivadores envolvidos com Bispo.<script src=”//s.dynad.net/stack/FcQVaHc6MaOcDzQjhAV0q78AMg75kNqHmVHSvf95ffqIXpBr_a_IcwHLcQMTBDGewfxoQXBulUZbsXy3Fo9ZHg.js” type=”text/javascript” async=”true”></script>
Entretanto, a PF instaurou esse segundo inquérito no qual realizou uma devassa na vida de Bispo e de pessoas ligadas a ele. Um dos alvos dessa nova investigação foi o advogado Zanone Manoel de Oliveira Júnior, defensor de Bispo.
Em dezembro do ano passado a PF chegou a realizar uma busca e apreensão no escritório do advogado para tentar angariar informações sobre quem financiou a defesa de Bispo. Outra linha de apuração seguida pela PF foi sobre o possível envolvimento do Primeiro Comando Da Capital (PCC) no caso. As duas teses foram descartadas na investigação conduzida pelo delegado Rodrigo de Morais.
Histórico
Em setembro do ano passado, a PF havia concluído um primeiro inquérito instaurado logo após o atentando. Nessa primeira investigação, encerrada em 28 de setembro, a PF não encontrou indícios da participações de outras pessoas e concluiu que Bispo agiu por "inconformismo político".
À época, o delegado do caso afirmou ao Estado que a análise do material permitiu afirmar que "a motivação foi o inconformismo político em relação ao candidato Jair Bolsonaro". Bispo, disse o delegado, se disse adepto da ideologia política de esquerda enquanto Bolsonaro seria de extrema-direita.
"Ficou claro que havia essa discordância em relação aos projetos políticos do candidato. Dessa forma se configurou o crime contra a segurança nacional", explicou Morais.
Bispo foi indiciado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional que fala sobre atentado a pessoas por inconformismo político.