Júlio Ottoboni
Um dos fundadores da Empresa Brasileira de Aeronaútica (EMBRAERr), em São José dos Campos, e do antigo Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), o engenheiro e artista plástico alemão, Hans Hermann Swoboda, falecido em 1997, ganha uma exposição de 22 quadros pintados em sua fase brasileira na Associação dos Pioneiros e Veteranos da Embraer (APVE).
O evento se realizará de 02 a 30 de Junho, com a curadoria do também artista plástico, Wagner Ribeiro, que passou a se interessar pela obra do engenheiro aeronáutico alemão, que também serviu nas tropas na segunda guerra mundial.
A exposição está dentro da programação do V Encontro de Escritores e Jornalistas de Aviação que ocorrerá nos dias 01, 02 e 03 de Junho de 2017. Esse é tido como o maior evento do país voltado ao setor da literatura especializada em aeronáutica e espaço. Ele acontecerá na sede social da associação, em São José dos Campos.
Hans Hermann Swoboda nasceu na Alemanha em 1910 e se formou em engenharia aeronáutica, seu talento foi logo reconhecido e ele integrou a equipe de projetistas de aviões militares que participaram na 2ª Guerra Mundial.
Desde 2006, Wagner Ribeiro tem trabalhado no resgate da obra e da importância de Swoboda, que residiu na cidade e onde produziu a maior parte de seu acervo artístico. As obras foram adquiridas por várias entidades e particulares. “Ele ajudou em projetos de aeronaves alemãs, eu particularmente estou navegando por seu universo artístico, que tem um lado humano bem forte apesar do todo esse tecnosurrealismo”.
Para o curador, é difícil de estimar com exatidão quantas obras foram produzidas. “Mas é certo que em São José tenha pintado mais de 700 quadros, em especial após sua aposentadoria da Embraer em 1975. Se considerarmos que há registros de pinturas realizadas desde a década de 1930, o volume ao longo de sua vida pode ultrapassar as duas mil”, revelou.
Formado em Engenharia Aeronáutica, em 1933, Swoboda chegou ao Brasil em 1952, integrando o grupo de técnicos alemães altamente especializados. Eles foram selecionados pelo professor Henrich Focke, então contratado pelo governo de Getúlio Vargas para o desenvolvimento de projetos de aviões no recém-constituído Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), instalado em São José, instituição onde surgiria o avião Bandeirante e a Embraer.
Ele é da mesma geração de engenheiros que foram contratados pelos Estados Unidos para o MIT e para o projeto Manhatan. Swoboda gostava de pintar cenários futuristas, espaciais e fantásticas. Iniciou com aquarelas de paisagens, passando a tinta acrílica sobre cartão e tela. Sua grande produção veio após a aposentadoria.
Ao longo da sua carreira, o artista participou de numerosas mostras coletivas e exposições individuais, desde o ano de 1939 quando foi premiado pela primeira vez, na cidade de Bremen, na Alemanha.
“Sua abordagem é bastante particular, retratou seus mundos ficcionais, explorou o cubismo, reproduziu animais, paisagens , seus animais de estimação, situações hipotéticas bastante visionárias como as ruínas do World Trade Center, um petroleiro em chamas, que me lembra muito a Arca de Noé, a cidade de São Paulo, planetas de nossos Sistema Solar, enfim, Swoboda conseguiu exteriorizar seu universo em pintura mais que muitos outros tentaram em palavras”, avaliou Ribeiro.