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Soldados e empresários têm algo em comum

MICHAEL MELLA
DA ASSOCIATED PRESS, EM HARTFORD

 

Diversos veteranos de guerra vêm abrindo os seus negócios nos Estados Unidos. Eles costumam ter qualidades que os tornam bons empreendedores: são engenhosos, gostam de correr riscos e têm uma atitude positiva.

Organizações sem fins lucrativos, Estados e agências federais americanas estão oferecendo treinamento de negócios que visa lhes dar novos propósitos e facilitar sua transição para a vida civil.

Mais de 200 mil pessoas dão baixa das Forças Armadas americanas a cada ano.

Uma das muitas iniciativas que estão emergindo nos Estados Unidos para ajudar os militares reformados a criar pequenas empresas é da Universidade do Connecticut.

O americano Ed Young, 26, foi treinado para operar sua companhia por meio de um programa da universidade para veteranos com problemas traumáticos. Ele foi motorista de caminhão para as Forças Armadas durante a guerra no Iraque.

Young acumulou mais de 11 mil quilômetros nas estradas, enfrentando ameaça constante de ataque, o que lhe causou depressão e pensamentos suicidas.

Passados quatro anos, ele está de volta ao volante em longos percursos, mas agora nos EUA com o seu serviço de transporte de carros. Young diz que o negócio o ajudou a colocá-lo no caminho da recuperação.

"A melhor coisa que aprendi foi que, não importa o que aconteça, você não deve desistir de sua ideia."

Segundo ele, ser empreendedor é como atuar nas Forças Armadas. "O importante é realizar a missão. Esse é o trabalho. Realizar sua missão a qualquer custo."

Ele teve de pedir empréstimo a dez bancos antes de obter os US$ 24 mil que precisava para comprar um caminhão e iniciar o seu negócio.

Depois de faturar mais de US$ 75 mil nos seis primeiros meses do ano, disse que planeja comprar mais caminhões, mas por enquanto ainda opera sua companhia de seu apartamento em Milford, Connecticut, quando não está guiando.

"Infelizmente, não consigo me relacionar bem com pessoas, devido aos meus problemas. O caminhão me permite ficar sozinho."

 

POTENCIAL
Os veteranos já estão bem representados nesse segmento. Quase 10% das pequenas empresas dos Estados Unidos são propriedade de veteranos de guerra.

Além disso, membros reformados das Forças Armadas apresentam 45% mais probabilidade de trabalhar autonomamente do que pessoas que nunca tiveram experiência no serviço militar ativo, de acordo com a SBA norte-americana (associação de administração de pequenas empresas).

Com o retorno de mais soldados do Iraque e Afeganistão, muitos veem oportunidade não só de ajudá-los a encontrar emprego mas também de eles reanimarem a economia dos EUA.

"Acreditamos que essa seja uma oportunidade, porque teremos muitos veteranos dotados da capacitação necessária para se tornarem empresários", disse Rhett Jeppson, administrador associado de desenvolvimento de negócios para veteranos na SBA.

Ao contrário dos veteranos da Segunda Guerra Mundial, que desempenharam papel reconhecido no crescimento da economia dos Estados Unidos depois que retornaram da guerra, a geração atual está voltando para encontrar a pior desaceleração econômica desde a Grande Depressão.

As empresas controladas por veteranos também podem receber prioridade na obtenção de certos contratos federais. Os governos locais estão desenvolvendo programas próprios para promover o empreendedorismo.

O Estado de Illinois, por exemplo, aprovou neste ano uma lei que determina que 3% dos contratos estaduais sejam concedidos a pequenas empresas controladas por veteranos de guerra.

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