Por Elisabeth Bumiller
Em uma aula recente na Universidade de Yale, o general Stanley A. McChrystal falou sobre conflitos na Irlanda do Norte e na África do Sul, contando também um pouco de sua própria história como ex-comandante das Forças Armadas no Afeganistão.
Nas aulas anteriores ele falou a respeito da Baía dos Porcos e do Vietnã e, de acordo com seus alunos, contou detalhes a respeito do artigo publicado pela revista Rolling Stone que lhe custou seu emprego.
O seminário sobre liderança de McChrystal é quase tão restrito quanto a própria Yale: no semestre passado cerca de 200 estudantes se inscreveram para concorrer a apenas 20 vagas disponíveis em sua aula.
"No meu primeiro dia na universidade eles estavam esperando uma demonstração", disse McChrystal, que é aposentado do serviço militar, em uma entrevista depois de sua aula e pouco antes de sair para tomar cerveja com seus alunos em um bar em New Have. "Havia apenas nove pessoas na sala.”
Longe de reagir com desdém ou indiferença, a comunidade de Yale o acolheu – assim como as outras universidades da Ivy League (grupo de faculdades de primeira linha dos Estados Unidos), que começaram a abrir as portas para seus colegas.
O almirante Mike Mullen, o ex-presidente do Joint Chiefs of Staff, vai dar uma aula sobre assuntos militares e diplomacia em Princeton neste ano. O almirante Eric T. Olson, ex-chefe do Comando de Operações Especiais das Forças Armadas, irá ministrar um curso sobre estratégia militar em Columbia a partir de setembro.
O tema principal dos estudos de caso de liderança que McChrystal procura explorar nas suas aulas é a importância das relações pessoais – uma visão que ele demonstrou em outra aula recente na qual falou sobre o artigo publicado na Rolling Stone, que virou leitura obrigatória. Nele, McChrystal fez comentários depreciativos sobre algumas autoridades da Casa Branca. Poucos dias depois do ocorrido, o presidente Barack Obama o despediu.
"Foi uma situação completamente inesperada", disse McChrystal. "Na época você poderia ter me dito que eu seria morto atropelado por girafas e eu teria considerado essa situação mais possível do que ser acusado de algo como isso", disse, referindo-se às críticas de que ele foi desrespeitoso com autoridades da Casa Branca.
Ele baseou duas de suas lições de liderança na sua própria experiência, afirmando ter dito aos seus alunos: primeiramente, foram seus relacionamentos que o salvaram. "Eu tinha uma rede de amigos que me ajudou nessa situação", disse.
E, em segundo lugar, sua saída do cargo sem contestar o artigo foi a melhor coisa a ser feita. "Não tentei ir contra as acusações", disse ele, acrescentando que sabia "que até que uma investigação pudesse ter sido realizada, já seria tarde demais."
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