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PROSUB – Itamaraty Brasil negocia com França acordo para combustível nuclear de submarino

Brasil negocia com França acordo para combustível nuclear de submarino, diz Itamaraty

Ricardo Della Coletta
Folha de São Paulo
22 Março 2024


Nota DefesaNet

Ver matéria de outubro de 2023:

PROSUB – Governo Lula faz reunião sigilosa com França para complementar acordo sobre submarino nuclear

Matéria adicional:
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PROSUB – S-42 Tonelero will be launched next week
O Editor


O Itamaraty afirmou na sexta-feira (22MAR2024) que o governo do Brasil está em conversas com a França para que o país europeu coopere inclusive na parte do combustível nuclear do submarino “Álvaro Alberto”, em desenvolvimento no âmbito do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos).

“Com relação ao primeiro ponto [da pergunta], do combustível [do submarino] e da cooperação que a França possa ter nessa área, nós acreditamos que sim, que é uma área em que talvez houvesse uma resistência no passado, mas hoje já há conversas sobre essa possibilidade: de que a França coopere conosco inclusive nesse aspecto à luz da energia nuclear, do combustível nuclear”, disse a embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, Secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty.

A declaração foi feita pela embaixadora, em resposta a pergunta da Folha, durante briefing realizado no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, para detalhar aspectos da visita ao Brasil do presidente da França, Emmanuel Macron, na próxima semana.

“Sim, é um assunto estratégico, sensível, delicado, mas sim: os dois países estão conversando sobre isso também”, complementou a diplomata.

O PROSUB faz parte de um acordo de parceria estratégica assinado entre França e Brasil em 2008.

Estimado em R$ 40 bilhões em valores atuais, o PROSUB prevê a construção de quatro submarinos convencionais (dois dos quais estão prontos) e um submarino convencional movido a propulsão nuclear, batizado de “Álvaro Alberto”.

A informação de que os franceses estão dispostos a cooperar inclusive na parte de combustível nuclear da embarcação “Álvaro Alberto” representa uma mudança na postura de Paris, com possíveis implicações geopolíticas. Isso porque o acordo assinado em 2008 com a França previa “apoio francês, no longo prazo, para a concepção e construção da parte não-nuclear do submarino”.

Na prática, até agora, foi um auxílio para o design do casco do submarino de propulsão nuclear –mas não a tecnologia para acomodar o reator (que o Brasil sabe fabricar) dentro do casco e fazer com que ele conecte e forneça energia até a propulsão.

A negociação sobre o tema é delicada porque os Estados Unidos se opõem à venda dos equipamentos e transferência de know-how que levem a um cenário em que o Brasil alcance a capacidade de operar submarinos de propulsão nuclear.

A principal diferença entre uma embarcação convencional e outra nuclear é a autonomia e o tempo em que ela pode permanecer submersa —o que dificulta sua detecção. Enquanto os convencionais precisam retornar à superfície periodicamente, praticamente não há limite de tempo para os submarinos nucleares (respeitando apenas as necessidades da própria tripulação).

Hoje, só os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU —Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido— e a Índia, que não é signatária do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), detêm essa tecnologia. Todos eles têm bombas atômicas.

Apesar de o submarino de propulsão nuclear ser prioridade do governo brasileiro, o projeto avança lentamente, porque o Brasil precisa de mais know-how e equipamentos da França e porque há inconstância orçamentária.

Em outubro do ano passado, a Folha revelou que o chefe do Estado-Maior da França, brigadeiro Fabien Mandon, havia estado em Brasília no mês anterior para participar de uma reunião com o almirante Petrônio Aguiar, diretor-geral de desenvolvimento nuclear da Marinha. O objetivo era discutir os termos de uma complementação do acordo para a construção do submarino de propulsão nuclear.

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