Cacau da Bahia se reinventa e aposta em novo ciclo após vassoura-de-bruxa
(Título Original)
João Pedro Pitombo
Ilhéus (BA) e Uruçuca (BA)
Folha São Paulo Edição 23 Junho 2019
Os homens de torso nu e calças dobradas até os joelhos pisando o cacau ainda estão lá, mas agora têm a companhia de funcionários uniformizados que espalham os grãos com mãos em luvas de borracha em cima de barcaças de metal.
E o cacau que era ensacado e enviado in natura para o exterior agora alimenta fábricas de chocolate que se espalham por cidades do sul da Bahia.
Em abril, a equipe do professor titular da Unicamp Gonçalo Amarante publicou pesquisa sobre um novo conjunto de moléculas fungicidas capazes de combater a vassoura-de-bruxa com maior eficácia.
Com resultados promissores, a pesquisa agora demanda investimento para tornar-se um defensivo agrícola em escala industrial. Se avançar, tem potencial para fazer a região retomar o antigo patamar de produção num curto prazo.
Analisados friamente, os números mostram que o estado ainda não se recuperou do baque iniciado em 1989. Em 2018, a Bahia produziu 122,8 mil toneladas de cacau, menos de um terço das 400 mil toneladas anuais dos anos 1980, antes da vassoura-de-bruxa.
Por outro lado, a adoção do sistema de produção tipo cabruca, no qual o cacaueiro é plantado embaixo de árvores nativas da mata atlântica, e aposta na produção de frutos orgânicos elevaram o cacau baiano a um novo patamar.
Em vez de competir com os líderes globais, os produtores resolveram apostar em produtos de nicho, com maior qualidade e valor de mercado.
É o caso da fazenda Novo Oriente, em Uruçuca (41 km de Ilhéus), liderada pelo empresário Paulo Torres, 70.
A fazenda, de pequeno porte, produz 40 toneladas anuais de cacau e foca o mercado local, que oferece prêmio pela qualidade —diferença entre o preço da praça e o da Bolsa— de três a cinco vezes a cotação de Nova York.
“Nosso foco é cacau fino”, diz Torres, que entrou no negócio há dez anos. Ele divide o seu tempo entre Londres e Ilhéus.
Mercado não falta. Já são 70 as marcas de chocolate com cacau de origem na região. Algumas no segmento premium, como a Dengo, do copresidente da Natura Guilherme Leal, a AMMA, de Diego Badaró, e a Mendoá, do empresário Raimundo Mororó.
Encravada na fazenda Riachuelo, a Mendoá começou como um pequeno laboratório. Hoje, faz 300 quilos de chocolate por dia. “A revolução já aconteceu. O desafio agora é consolidar”, diz Mororó.
A Mendoá faz do cultivo do cacau à fabricação do chocolate na própria fazenda, passando por etapas como fermentação, secagem, armazenamento e torra dos grãos.
Do ponto de vista econômico, o modelo de produção tem potencial para tirar a região da depressão econômica que fez com que Ilhéus se tornasse uma das poucas cidades da Bahia cuja população decresceu nas últimas décadas.
O cultivo do cacau e a produção de chocolate são intensivos em mão de obra e começam a suprir a demanda por empregos da região.
Funcionário da fazenda Porto Novo, em Ilhéus, Tonijon Jesus dos Santos, 36, trocou a construção civil pelo emprego no cultivo de cacau há dois anos. E acabou ganhando uma nova fonte de renda.
Na fazenda, além do sistema cabruca, o cacau foi plantado em áreas degradadas de pasto. Ali, funcionários plantam milho, banana e mandioca entre mudas de cacau, numa espécie de plantio consorciado.
O que se colhe fica para os próprios trabalhadores —Tonijon, por exemplo, passou a fabricar licor de banana que vende nas feiras da cidade.
Outra aposta é o desenvolvimento do turismo na região, com rotas nas fazendas e fábricas de chocolates.
O avanço desse segmento, contudo, ainda empaca na infraestrutura da cidade. Inaugurada há 11 meses, a rota turística da Estrada do Chocolate —rodovia que liga Ilhéus a Uruçuca— se resume a dois totens em forma de barra de chocolate fincados no início e no final de uma via esburacada e sem sinalização.
Mesmo com tantos desafios, os produtores seguem otimistas diante do potencial econômico da região, aliando a produção do cacau e seus derivados com a preservação da mata nativa.
“Estamos numa das áreas de maior biodiversidade do mundo. Isso aqui é uma joia”, diz o pesquisador Gonçalo Amarante, que se divide entre laboratórios e a pequena fazenda de cacau que mantém em Ilhéus.
Nota DefesaNet Que feio Folha
A pura e impoluta Folha de São Paulo omite, que a praga do cacau, maior ataque de Agroterrorismo conhecido na história brasileira e mundial foi obra dos seus associados membros do Partido dos Trabalhadores. As investigações não chegarama bom termo pois os governos petistas simplesmente acabaram com todos os processos, Ver links abaixo nesta página. O Editor |
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