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CNV – Teve Fim Decepcionante


LUCAS FERRAZ
DE SÃO PAULO

Membro originário da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles afirma que o final do grupo foi "decepcionante".

Para ele, o documento entregue na última semana já "está em processo de esquecimento". "Temo que a coisa se dissolva rapidamente, como está acontecendo. A comissão não repercutiu como deveria. Não houve envolvimento da sociedade", disse.

Fonteles, 68, integrou a comissão de maio de 2012 a junho de 2013, quando se demitiu após divergências com os colegas sobre o rumo das investigações. O ex-procurador critica sobretudo a atitude da presidente Dilma, que segundo ele se mostrou desinteressada com o trabalho e nem indicou um nome para substituir Gilson Dipp. Leia trechos de sua entrevista.

Folha – Como o sr. recebeu o trabalho final da comissão?

Cláudio Fonteles – Temo que a coisa se dissolva rapidamente, como parece que está acontecendo. Já está praticamente em processo de esquecimento.

Quando a comissão foi instalada, houve uma coisa muito bonita. Este mesmíssimo tratamento deveria ter sido dado na entrega do relatório. Vocês noticiaram que Dilma nem queria a presença de pessoas, seria um evento escondido, entregava o relatório e já vai. Teria havido uma pressão e cerca de 50 pessoas foram convidadas.

Isso não contribui, qual era o grande sentido de todo o trabalho da comissão? Fazer uma reconstituição histórica, apresentar recomendações, mas o objetivo disso tudo é para que nunca mais aconteça. "Não se esqueça para que nunca mais aconteça", a frase é das Mães da Praça de Maio [grupo argentino que busca os desaparecidos políticos do país]. Esse espírito não foi vivido nem presenciado por aqui.

A comissão, com o passar do tempo, ficou menor?

Ela não repercutiu como deveria, o tema não se difundiu para que a sociedade se envolvesse no trabalho.

O próprio final da comissão ficou esvaziado. Familiares de mortos e desaparecidos e movimentos sociais, por exemplo, não tiveram um envolvimento muito grande no evento final.

Faço um paralelo entre a abertura e o final da comissão. A abertura foi uma cerimônia bonita, com todos os cinco presidentes pós ditadura, gente de diferentes vertentes de governos, todos unidos em torno dos direitos humanos. O final também deveria ter sido assim.

Algumas providências deveriam ter sido propostas, como transformar as unidades usadas para torturar em centros culturais. Não é uma providência difícil de ser executada. Ou mesmo transformar o Arquivo Nacional num centro nacional de pesquisa documental, aberto para escolas, enfim, poderíamos ter aproveitado o momento para criar um grande centro de pesquisa documental.

O arquivo [em Brasília], em condições muito ruins, parece um depósito.

Isso chegou a ser sugerido?

Oficialmente, não. Mas numa conversa informal com a Dilma eu falei, "olha presidente, você poderia pensar nisso, transformar o arquivo num centro documental". O arquivo hoje é uma coisa morta e poderia ser um centro cultural para as pessoas irem conhecer a história do país. O meu sentimento é de um pouco de vazio. Houve uma distância enorme na maneira em que a comissão começou e como ela terminou.

Dilma nunca indicou um substituto para Gilson Dipp, que saiu por problemas de saúde. Não foi um sinal de descaso com o trabalho do grupo?

Usaria a palavra desinteresse. Ela foi desinteressada. A presidente deveria ter substituído logo [o ex-ministro Gilson Dipp], o grupo ficou com seis pessoas. Houve um sentimento de vazio.

Aí vem a presidente dizer, na entrega do relatório, que agora vai se debruçar sobre as conclusões. Ora, ela poderia receber o relatório antes, até para que no momento da entrega simbólica ela pudesse falar ou se comprometer com alguma das recomendações.

Não houve envolvimento da sociedade brasileira nesse debate. Lembro que no início íamos a universidades, programas de TV, toda a mídia estava envolvida. Havia uma boa interlocução com a sociedade, mas isso se perdeu. Na medida em que tudo ficou parado, parado ficou.


Comentário

Publicamos comentário de um atilado militar cobre a matérica acima.

Cláudio Fonteles, ex-procurador geral da República e ex- membro da Comissão Nacional da Verdade, em entrevista ao UOL, se declara decepcionado com o resultado da CNV.

Quando foi criada esta CNV opinei que se não déssemos importância ela se esvaziaria ao natural porque nesta direção ela havia sido colocada por interferência do MD, Nelson Jobim, junto ao Lula que não estava interessado em revolver o passado visto que o seu presente e futuro estavam tranquilos.

A CNV foi formada, mais para acalmar os radicais do PT. O Lula é malandro, cria do Golbery, amigo de longa data de Romeu Tuma, milionário e adorado pela plebe rude, por que vai querer assumir a encrenca de loucos, tipo Vanucci, Maria do Rosário e outros menos cotados?

“O chefão Lula da Silva, bastante a contragosto, é colocado no meio da onda revanchista promovida pelos radicais de seu desgoverno”, Alerta Total, 31/10/2008.  Quando o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi reclamar com Lula sobre o parecer da Advocacia Geral da União (AGU) que considerou perdoados pela Lei da Anistia os eventuais crimes de tortura cometidos no que a esquerda chama de “ditadura militar” o que foi que Lula fez? Disse-lhe ter avisado os chefes militares que não queria passar à história como o presidente que jogou uma pedra sobre o assunto e criou uma comissão para tratar de mortos e desaparecidos.

Lula e Jobim, duas raposas felpudas, trataram de montar uma badalada cerimônia de abertura para a tal de CNV, com todos os cinco últimos presidentes e muitos flashes.

E o fim foi “decepcionante”, como confessa agora Cláudio Fonteles que se afastou, depois de um ano, por divergências. Segundo ele, o tal relatório “já está em processo de esquecimento”, “temo que a coisa se dissolva rapidamente, como está acontecendo. A comissão não repercutiu como deveria. Não houve envolvimento da sociedade”.

Mas, pergunto, quem iria se envolver com uma comissão papo furado para tratar de ossos de guerrilheiros que foram mortos no Araguaia em uma guerra que graças a Deus ganhamos, pois em caso contrário teríamos algo muito maior do que o problema das FARC na Colômbia.

Sobre “envolvimento da sociedade”, uma pesquisa vai mostrar que este assunto só repercutiu no meio dos militares e daquele grupinho de radicais, tipo Maria do Rosário. Aliás, para o futuro, vai sobrar somente o bate boca do Bolsonaro com a Maria do Rosário onde dou toda a razão ao Bolsonaro, pois conheço muito bem essa figura que, nos anos 90, eu e o comandante Dario Giordano, enfrentávamos semanalmente em um debate de rádio e quem conhece o comandante pode imaginar o que saia.

A prova que esta comissão nasceu fajuta e assim morreu é que as duas figuras de maior expressão, o ex-PGR, Cláudio Fonteles e o ex-ministro do STJ, Gilson Dipp, se afastaram por perceberem o desinteresse do governo, principalmente, da presidente Dilma que, segundo Fonteles, nem queria presença de pessoas na entrega do tal relatório, só por pressão aceitou uma plateia de 50 pessoas e soltou uma lágrima muito bem produzida pelos marqueteiros para ficar para a posteridade.

Resumindo: enquanto ficamos engalfinhados, no passado, com os radicais, Lula, Zé Dirceu & Cia saquearam o Brasil e estão mais preocupados em garantir um futuro tranquilo para si e para os filhos, netos e bisnetos. Enquanto isso, continuamos dando aquela “cota de sacrifício” que nos pediram nos anos de regime militar e que, parece, foi transformada em cláusula pétrea na Constituinte de 1988. 

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