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A Verdade Sufocada – Prefácio Nona Edição

PREFÁCIO à 9ª Ediçaõ de A Verdade Sufocada

“À Pátria tudo se deve dar e nada pedir, nem mesmo compreensão”– Tenente Siqueira Campos, herói dos “18 do Forte” (1922).

General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva


O Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra assim procedeu em toda sua vida como cidadão e soldado seja na ativa seja na reserva. É um chefe militar patriota, para quem o envolvimento com o Brasil e o Exército nunca se pautou por uma relação do tipo credor-devedor. A Pátria e a Instituição são duas de suas razões de viver e dele receberam uma inesgotável dedicação alicerçada em valores profissionais, morais e éticos intangíveis e não mensuráveis. Com elevada noção de dever o coronel aceitou o desafio de liderar o combate à implantação da guerrilha urbana em São Paulo no início dos anos 1970, quando ela era mais agressiva e obtinha significativas vitórias, ameaçando a lei, a ordem, as instituições e a estabilidade do Estado.

Agradeço ao Cel Ustra o convite para fazer o prefácio desta 9ª edição do “A Verdade Sufocada”, magnífico registro histórico que relata, em texto claro, objetivo e de leitura cativante, a “história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, como está estampado na capa do livro. Houve muito patrulhamento ideológico para impedir ou dificultar a veiculação dessa obra, exercido por setores da esquerda cujo poder nos meios artísticos, literários e na mídia é bastante conhecido. Com perseverança e coragem o coronel, tendo o firme apoio de sua admirável esposa, D. Joseíta, e de suas filhas, enfrentou obstáculos, adversidades, perseguições, injustiças e até ameaças para não implementar e não divulgar, mas finalmente logrou consagrar essa obra de inestimável valor histórico.   

Nos anos 1970, militares das Forças Armadas e policiais militares e civis foram convocados para compor os órgãos de operações e informações com a missão de neutralizar os grupos armados da esquerda revolucionária, que pretendiam impor ao País um regime totalitário comunista. Estes últimos eram orientados e apoiados pelas matrizes soviética, chinesa e cubana, responsáveis pelas mais graves violações aos direitos humanos no século passado. A luta armada empregou o banditismo com sequestros, assaltos, torturas e execuções, além do terrorismo. No entanto, não obteve o reconhecimento de nenhuma democracia e de nenhum organismo internacional de que lutasse por democracia e liberdade ou representasse uma parcela da sociedade nacional. A luta armada foi derrotada, principalmente, por que a Nação apoiou com firmeza o Estado em sua luta contra a esquerda revolucionária que almejava se tornar Estado, mas cometia as mesmas violações que, hipocritamente, seus antigos militantes hoje condenam.

Enquanto a imensa maioria de cidadãos e famílias permaneceu estudando, trabalhando, progredindo e se divertindo, enfim, levando uma vida normal, rotineira e com segurança, os agentes do Estado arriscaram a si e a seus entes queridos, também ameaçados pelos delinquentes ideológicos e seus grupos terroristas. Muitos passavam dias ausentes dos lares, às vezes semanas ou meses, em missões de alto risco. Com heroísmo e competência, evitaram a implantação de uma sangrenta e fratricida guerra civil no País, como as que enlutaram países das América Central e do Sul.

Em El Salvador, onde fui observador militar das Nações Unidas, no processo de paz dos anos 1990, houve cerca de 75 mil mortos, 400 mil deslocados de suas terras e mais de um milhão de refugiados nos EUA em doze anos de guerrilhas. Todo esse drama num País com sete milhões de habitantes e do tamanho de Sergipe. Na Colômbia, são mais de 50 mil mortos em décadas de conflito, ainda inacabado, e na Guatemala foram 400 mil em 24 anos de guerra revolucionária. No Brasil, por cortarem o mal pela raiz, os órgãos de operações e informações devem ser louvados pelo papel decisivo para impedir que o País tivesse um destino tão infeliz quanto o de tantos condôminos americanos.

Por tudo isso, é dever moral dos cidadãos em geral e, principalmente, dos irmãos de armas de qualquer geração e nível hierárquico reagirem contra as injustiças e perseguições que vêm sofrendo “aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia” como disse o General Walter Pires, antigo Ministro do Exército.

O livro é um contraponto à “verdade oficial” a ser apresentada em relatório pela Comissão indevidamente chamada “da Verdade”, pois ela padece de credibilidade, haja vista não ter sido cumprido o determinado na lei que a instituiu no tocante à sua composição. Teria de ser pluralista, mas a maioria absoluta, se não todos os seus membros são de esquerda. Pessoas que não tivessem condições de trabalhar com imparcialidade não poderiam participar do colegiado, mas, paradoxalmente, a lei determinou que a Presidente da República, uma ex-militante da luta armada, designasse os seus componentes. A Comissão tem o propósito de investigar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, a fim de efetivar o direito à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. Mas a CV, sem autoridade para tal, decidiu mudar a lei aprovada pelo Congresso Nacional e investigar apenas os crimes cometidos pelos agentes do Estado. Ninguém, com um mínimo de bom senso, acreditará que a verdade histórica possa surgir da investigação de apenas um dos atores daquele conflito ideológico. Além disso, falar em reconciliação nacional após 30 anos de normalidade democrática é um pretexto que beira às raias do surrealismo. Nunca houve cisão social no País em função do combate à luta armada como atesta a alta credibilidade das Forças Armadas desde a redemocratização.

A volta à democracia veio a partir de 1978, não por obra da esquerda revolucionária, então totalmente desmantelada. É engano considerá-la vitoriosa por que seus antigos membros ocupam, hoje, posições importantes nos mais altos escalões do Poder. Eles não chegaram ali pela força das armas e ao arrepio da lei e sim como cidadãos com plenos direitos assegurados desde a anistia em 1979. Abandonaram a luta armada, derrotados, e submeteram-se às normas democráticas, reintegrando-se à sociedade na forma da lei e em pleno regime militar. O Brasil tornou-se uma democracia, propósito da sociedade, da oposição legal e dos governos militares, e não um país comunista, escravizado por um partido único, objetivo não alcançado pela esquerda revolucionária.

Mas essa esquerda, que o Cel Ustra ajudara a derrotar nos anos 1970, chegou ao poder e não desistiu de implantar o regime socialista totalitário no Brasil, agora por meio de uma nova estratégia de modelo gramcista e sob a orientação do Foro de São Paulo. Anatoly Oliynik, no artigo “Gramsci e a Comunização do Brasil”, esclarece que Gramsci inverteu a sequência defendida por Lênin de começar a revolução pela tomada do Estado para depois transformar a sociedade. Para o revolucionário italiano, a transformação da sociedade é que permitirá retirar o poder da classe dominante sobre a Nação e, só assim, será possível a conquista efetiva do Estado. O alvo prioritário não é mais o proletariado nem os camponeses, mas sim os “intelectuais, classe média, cultura, educação e a mídia, buscando mudar a mentalidade, desvinculando-a dos valores tradicionais, para implantar os valores da ideologia comunista”. Esse quadro reflete a campanha de relativização de valores e enfraquecimento da família no Brasil.
 
O Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH3), agindo sob o véu dos direitos humanos, materializa essa nova estratégia cujo propósito, amplo e inconfessável, é a implantação de um regime socialista radical. Para tanto, o PNDH3 pretende a hipertrofia do Executivo, a permanência do partido dominante no poder e a submissão do Legislativo e do Judiciário. O Programa estabelece a “criação de espaços de participação e controle social nos Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público e nas Defensorias”. Esse controle social será feito por meio da constituição de conselhos populares, logicamente aparelhados pelo partido dominante. O PNDH3 propõe estender às instituições, órgãos públicos, religiões, mídia, agronegócio, educação, em suma, a toda a sociedade, o controle exercido pelos conselhos, uma versão tropical dos “sovietes”, motores da revolução bolchevista na extinta URSS. A CV é uma das ações estratégicas do PNDH3 e tem, especificamente, o propósito de desgastar e imobilizar as Forças Armadas, facilitando a transformação da sociedade.
 
O custo da liberdade é a permanente vigilância e disposição da sociedade para defendê-la, pois a luta continua, tanto para os democratas quanto para os inimigos da liberdade.

O “A Verdade Sufocada”, em uma narrativa capaz de manter o leitor em permanente expectativa, revela episódios que reconstroem a verdade histórica do período conhecido como regime militar e desmistificam a aura de “heróis da liberdade” que a esquerda radical, firmemente instalada nos três Poderes da República, pretende imputar aos militantes da luta armada. Os brasileiros de todas as idades dispõem de uma fonte de inestimável importância para, juntamente com outras publicações de ex-agentes do Estado ou de ex- militantes da luta armada, chegarem às suas próprias conclusões e formarem opinião com liberdade intelectual.

 Parabéns Cel Ustra! Os valorosos não se dobram. O senhor personifica virtudes de coragem moral e física, perseverança, patriotismo e é um exemplo de chefe militar. 

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