O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, espera que as discussões sobre uma parceria com a Boeing sejam concluídas neste semestre, independente de um resultado favorável ou negativo para uma aliança das empresas.
“Não temos uma data específica para concluir, mas é necessário que uma resolução seja atingida rapidamente porque não podemos ficar mais muito tempo nisso”, disse Silva durante cerimônia de certificação tripla do novo jato de passageiros da Embraer, o E190-E2.
Questionado se as empresas poderiam concluir as discussões neste semestre o executivo respondeu afirmativamente.
Silva afirmou que não se encontrou ainda com o novo ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, mas disse acreditar que nem a troca no comando da pasta, nem o cenário eleitoral podem representar obstáculos às negociações com a Boeing.
“Tem toda uma equipe técnica do governo estudando isso. Tem muitas áreas específicas (do governo) envolvidas.”
O executivo afirmou que um dos pontos avaliados pelo governo é a sustentação financeira da área de defesa da Embraer, em um eventual modelo de parceria com a Boeing em que a área de aviação comercial, mais lucrativa, se separe do restante da fabricante brasileira para a formação de uma nova empresa com ativos da norte-americana.
“É uma das complexidades que estão sendo analisadas”, disse Silva.
Ele comentou que com a segunda geração da família de Ejets e a certificação final do cargueiro KC-390, prevista para o final deste ano, a Embraer ganhará força competitiva nos mercados de aviação, mesmo sem um acordo com a Boeing.
“Mas é claro que com uma parceria com a Boeing vamos criar a maior empresa aeroespacial do mundo”, disse Silva.
Presente na cerimônia de certificação do 190 E2, Osiris Silva, 87, um dos fundadores da Embraer, afirmou que “a Boeing finalmente entendeu que o potencial de crescimento da indústria está na aviação regional”, ao ser questionado sobre sua posição sobre as discussões das duas empresas.
Estou orgulhoso que após 50 anos a Boeing concorda conosco… Parceria é o que desejamos”, acrescentou, referindo-se às quase cinco décadas de fundação da Embraer.
Segundo a Embraer, foi a primeira vez que um avião comercial recebeu ao mesmo tempo três certificações das autoridades da aviação FAA (Estados Unidos), EASA (Europa) e Anac (Brasil).
A cerimônia contou com presença de executivos de estratégia de frota do grupo alemão de aviação Lufthansa, que já opera 45 aviões da Embraer.
A primeira entrega do E190 E2 deve ocorrer em abril, para a companhia aérea escandinava Wideroe. A empresa fechou contrato para até 15 unidades do modelo, que tem preço de tabela de 58 milhões de dólares e segundo a Embraer tem um consumo de combustível cerca de 17 por cento menor que a geração atual do 190.
A nova família de aviões da Embraer, que começou a ser desenvolvida em junho de 2013, exigiu investimentos de 1,7 bilhão de dólares. A família conta ainda com os modelos E175 E2 e E195 E2, que ainda não foram certificados para operação comercial.
Embraer afunda na Bolsa com ministro contra parceria com a Boeing¹
As ações da Embraer ampliaram queda na tarde desta quarta-feira. Os papéis registravam perdas de 5,87%, sendo negociadas na casa dos 21 reais.
Uma nota publicada pela coluna do Lauro Jardim, no jornal O Globo, afirma que o novo ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, é contra a criação da joint venture entre a Boeing e Embraer.
Segundo o jornal, em reuniões das quais participou sobre o tema, como representante do ministério da Defesa, nunca deixou qualquer margem à dúvida sobre sua posição.
Parceria entre Boeing e Embraer
Ontem, o secretário de comunicação da Presidência, Marcio de Freitas afirmou à Reuters que Michel Temer está avaliando se apóia uma proposta de criação de uma empresa conjunta de aviação comercial entre Boeing e Embraer e que ainda não existe uma definição do governo sobre a parceria das empresas.
O governo se opôs a uma aquisição da Embraer pela Boeing e uma nova proposta envolve a criação de uma terceira empresa que inclui a unidade de aviação comercial da Embraer, excluindo sua unidade de defesa.
“O Ministério da Defesa recebeu e reportou ao presidente. Mas ainda há avaliação sobre a proposta e ainda restam dúvidas sobre o tema”, finalizou Freitas.
¹com Karla Mamona – Revista Exame