O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, disse que a troca na pasta do ministério da Defesa não afeta as negociações que a empresa tem com o governo para combinar operações com a americana Boeing, mas admitiu que precisa ser apresentado ao novo ministro e retomar as conversas para provar à Brasília que a parceria com a fabricante dos Estados Unidos é a melhor opção para a companhia aeroespacial brasileira.
"A troca de comando na Defesa não afeta a interlocução com governo", disse Souza e Silva a jornalistas, após evento em São José dos Campos, quando a Embraer recebeu as certificações das agências de aviação do Brasil (Anac), Estados Unidos (FAA) e Europa (EASA) para o novo E190-E2, primeiro jato da nova família de aeronaves da companhia que começa a ser entregue aos clientes neste ano. Segundo Souza e Silva, o corpo técnico continua concentrado nas discussões com a Boeing.
"Ainda não me reuni com o novo ministro, mas estou pronto. Basta ele me chamar", disse o executivo da Embraer. Recentemente, Raul Jungmann foi escolhido pelo presidente Michel Temer como o novo ministro da Segurança Pública. Para assumir o lugar de Jungmann na Defesa foi escolhido o general Joaquim Silva e Luna, de forma interina.
O presidente da Embraer rebateu perguntas sobre uma eventual oposição do novo ministro da Defesa ao acordo com a Boeing. "Não sei disso", afirmou. Souza e Silva admitiu que o tratamento que será dado à área de defesa na Embraer após uma eventual combinação de negócio com a Boeing é um tema das discussões de convencimento com o governo.
"Não diria que é um problema, mas é uma questão", afirmou. Segundo Souza e Silva, as negociações continuam, mas ainda não há uma estrutura fechada. "Temos alternativas sendo avaliadas para que a gente encontre uma resolução rapidamente. Não temos prazo para fechar o acordo, mas não podemos ficar indefinidamente negociando", disse o presidente.
De acordo com ele, o horizonte é que o acordo possa ser definido ainda neste semestre. Segundo Souza e Silva, existe uma preocupação grande com a Embraer, e a negociação com a Boeing é algo que corre em paralelo.
O presidente da companhia rebateu a tese de que a Embraer seria esvaziada com a consolidação de um acordo com a Boeing, caso a combinação de negócio passe pela criação de uma terceira empresa para se ocupar das áreas de aviação comercial e executiva e que viria a ser controlada pela americana.
"O medo de esvaziamento da Embraer não faz sentido. O objetivo é tornar a Embraer mais forte", disse o presidente. "Estamos prontos para mostrar isso ao governo." Entre as garantias dadas, afirmou, está a de que os empregos no Brasil serão mantidos.
"A Embraer está focada, pode crescer. Mas é claro que com a Boeing torna a empresa parte da maior empresa aeroespacial do mundo e a companhia tem a possibilidade de crescer mais rapidamente", afirmou Souza e Silva. O presidente da Embraer reiterou que a empresa pode seguir sozinha caso o acordo com a Boeing não ocorra. "A empresa está muito bem, mas com Boeing pode crescer mais rápido", afirmou o presidente.