Míriam Leitão
As negociações entre Embraer e Boeing têm um ponto crucial: os atuais engenheiros da empresa brasileira poderão trabalhar nas duas unidades, tanto na área de Defesa quanto na aviação comercial? Hoje o corpo de funcionários da Embraer, que é considerado de alta qualificação, é movido de um lado a outro.
Quando há mais encomendas na área de Defesa eles trabalham nesse setor, quando há mais serviço na área comercial eles são removidos. Hoje há um memorando de entendimento interno que permite esse deslocamento pelas duas áreas. Fontes que participam da negociação dizem que teria que ser feito um contrato entre duas empresas, o que pode ser bem mais complicado.
A ideia do negócio com a Boeing é criar uma terceira empresa que ficará com a aviação comercial, justamente para preservar a área de Defesa da Embraer. —
A proposta inicial não contemplava uma divisão tão clara entre Defesa e a área comercial. E a empresa sempre trabalhou assim: quando não há encomenda na Defesa, todo o pessoal ia para a área comercial e vice-versa — disse uma fonte envolvida na negociação.
Uma ideia é usar o modelo do memorando de entendimento que já existe na empresa, estabelecendo que quando a parte da Defesa não tiver um grande projeto em andamento, como foi com o KC-390, a outra parte daria suporte. Hoje existe essa comunicação entre as duas áreas, mas teria que ser feito um contrato entre firmas e pelas leis brasileiras que são mais inflexíveis. — A Embraer manterá esse nome e ficará no Brasil sempre — diz a fonte.
Por enquanto as conversas continuam, mas nenhum dos dois lados se diz apressado em chegar em um acordo. E quando se pergunta a que altura está a negociação, a afirmação é: — Infelizmente está ainda no começo.
Os dois lados concordam em muitas coisas e agora estamos torcendo para que a negociação evolua. Estamos conversando sobre os detalhes, mas o diabo está nos detalhes. Um ponto que nem pode ser chamado de “detalhe” e que concentra toda a atenção neste momento é como organizar o trabalho do corpo de engenheiros da Embraer.