Nota DefesaNet
Editorial publicado pelo jornal O Globo, 02MAIO2020,. O ativismo politico adotado por O Globo confundiu sua análise. Levou a adotar análise com princípios irreais. O Editor |
Editorial O GLOBO
China é saída para Embraer, se ala radical do governo não atrapalhar
Perspectivas pós-ruptura com a Boeing são condicionadas pela inépcia na condução da política externa
O fracasso do negócio com a Boeing deixa a Embraer no dilema de tentar prosseguir no mercado sozinha ou buscar associação com outras empresas. Líder no segmento de fabricação de aviões de médio porte, com até 110 unidades de 70 a 150 assentos por ano, essa indústria de São José dos Campos (SP) tem 15 mil trabalhadores qualificados, nível de competitividade mundial e construiu reputação no desenvolvimento de tecnologias para outras indústrias nacionais.
Ela passou os últimos dois anos focada na adaptação às prioridades da compradora americana. Estava prevista a aquisição de 80% do controle da sua aviação comercial pelo preço de US$ 4,5 bilhões (R$ 24,7 bilhões).
A Boeing, porém, entrou em parafuso com o desastre tecnológico do modelo 737 MAX, que resultou em 343 mortes e em uma crise de confiança na empresa. Para a Embraer, a ruptura pode ser uma oportunidade, mas ocorre numa etapa crítica, com redução de 80% no fluxo global de transporte aéreo. Legitimamente, ela agora reivindica compensações da Boeing.
Seria apenas um caso notável e exclusivamente empresarial, não fossem as circunstâncias políticas. A Embraer agora vê suas perspectivas de negociações de alianças pós-ruptura com a Boeing condicionadas pela inépcia do governo Jair Bolsonaro na condução da política externa.
O mercado chinês é uma alternativa, percebeu o vice-presidente Hamilton Mourão, cujo pragmatismo o caracteriza como voz dissonante no governo. “É um país onde a aviação regional começa a se expandir e onde a Embraer poderá ter uma parcela significativa”, disse, após reunião com a diretoria da empresa.
A Embraer tem experiência na China, com algumas frustrações num projeto local. Hoje, porém, seu principal obstáculo está no grupo de assessores, ministros e familiares de Jair Bolsonaro que, com aval tácito do presidente, militam em campanhas de hostilização do governo de Pequim. Caso emblemático é o do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sob investigação de crime de racismo contra chineses.
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