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Triplica o número de mulheres militares

 

Série de três matérias da Folha de Sao Paulo,

CA DALVA – Maioria das colegas foi para casa Link

Capitã aprendeu a pilotar caça antes de dirigir carros

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GIBA BERGAMIM JR. DE SÃO PAULO

Daniele Lins, 30, põe seus brincos e faz um coque para colocar o capacete. Caminha pelo quartel até a pista de aviões da base aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio. Em sua rotina diária, comanda um avião em missões que a preparam para situações de guerra.

Piloto de caça da Força Aérea Brasileira, a capitão-aviadora engrossa as estatísticas que apontam aumento de 205% no número de mulheres nas Forças Armadas do país nos últimos 14 anos.

Os dados que mostram o aumento da presença feminina num ambiente notadamente masculino são parte de um estudo do Instituto Igarapé, especializado em segurança pública.

Elas representam hoje 7% do efetivo, formando uma tropa de 23.787 mulheres distribuídas entre Exército, Aeronáutica e Marinha. Em 2001, eram 7.804 (3% do total). A evolução masculina no mesmo período é bem menor (30%) – de 258.958 para 335.348 militares.

Mesmo diante do aumento, a doutora em estudos internacionais Renata Avelar Giannini, responsável pelo trabalho, diz que há muito o que avançar na igualdade entre gêneros na caserna.

Como não há serviço militar obrigatório para mulheres, a evolução só ocorreu porque elas se interessaram pela carreira. As três forças recebem, em geral, profissionais para as áreas de saúde, direito e administração.

A maioria ainda não tem formação para o combate. "Países como Argentina, Uruguai e Colômbia têm abertura total às mulheres", afirma a pesquisadora.

"A partir do momento em que elas decidiram ser militares, podem fazer qualquer coisa, inclusive com armas de combate. Isso ainda não acontece no Brasil."

Para a pesquisadora, é necessário dar fim à visão estereotipada de que o elas não são capazes para o serviço.

Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) em 2012 prevê que até 2017 seja uma realidade a presença de mulheres com fuzis nas mãos ou dentro de tanques.

Para recebê-las, serão necessárias adaptações na estrutura de alojamentos, centros de formação e também no ensino bélico.

Segundo o estudo, o avanço feminino ocorre nos postos mais baixos. No topo da hierarquia, há só uma oficial general nas três instituições, a médica carioca Dalva Maria Carvalho Mendes, 58, que chegou a contra-almirante em 2012 (leia na pág. C5).

A Força Aérea Brasileira é a que mais recebe mulheres –até 2013, eram 9.927 militares, ante cerca de 6.700 no Exército e 5.815 na Marinha. Também é a que mais as coloca em funções de combate, caso de pilotos de caça.

O Exército só começou a formar turmas femininas nos anos 1990 –nas outras duas forças, isso ocorreu no início dos anos 1980.

PASSOS DO PAI

Para a major do Exército Cristina Joras, 44, que entrou na vida militar em 1998 na área de relações públicas, há um esforço para que as coisas mudem. "No próximo ano, teremos duas mulheres que vão comandar hospitais. Isso é um grande passo."

Ela escolheu a carreira seguindo os passos do pai, sargento da reserva, e diz que ali encontrou lugar para exercer a profissão de relações públicas, num momento em que o mercado era restrito.

"Aos poucos, a gente vai ocupando mais espaços."

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