Júlio Ottoboni
Especial DefesaNet
O Parque Tecnológico de São José dos Campos recebeu na terça (10MAR15) o Centro Tecnológico da Thales – Omnisys para Espaço e Defesa. O valor do investimento anunciado é de R$ 15 milhões e foram apresentados o novo vice-presidente da Thales na América Latina, Ruben Lazo, pelo vice-presidente da Thales Alenia Space para o Brasil, Joël Chenet . Participou também do encontro o diretor geral da Thales Brasil, Julien Rousselet.
O investimento será distribuído ao longo dos próximos cinco anos e serão arcados pelas empresas Thales Alenia Space e Omnisys, essa de capital brasileiro e sediada em São Bernardo do Campo (SP). O novo centro pretende estimular parcerias e ações conjuntas em projetos com companhias brasileiras no segmento aeroespacial e militar.
O Centro Tecnológico Espacial está de acordo com as medidas implementadas dentro do escopo do contrato do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), firmado pela Thales Alenia Space em 2013. O centro está idealmente localizado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, que já hospeda a empresa Visiona, não muito longe da Embraer e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Inicialmente, o Centro Tecnológico Espacial desenvolverá parcerias tecnológicas com empresas brasileiras do setor espacial.
Entre as propostas do núcleo está a criação de um centro de análise de dados ligado ao programa europeu Copernicus, desenvolvido para observação remota da Terra. O que permitirá ao país um ganho no gerenciamento ambiental, em especial a Floresta Amazônica, que gera inúmeras preocupações em dirigentes estrangeiros tal sua importância para o clima planetário e a velocidade em que tem sido destruída.
A Thales Alenia Space é um joint venture franco-italiano do setor aeroespacial, criada em 2007, ligando duas gigantes do setor. Atualmente a sede desta empresa do grupo fica em Cannes, na França. No Brasil ela já opera em parceria com a Agência Espacial Brasileira ( AEB) e num contrato firmado com a empresa Visiona, joint-venture brasileira envolvendo a Embraer e Telebrás, que visa a construção de um satélite de comunicação geoestacionário. É líder europeia em sistemas de satélites e um dos principais players em infraestruturas orbitais. É uma uma joint-venture entre a Thales (67%) e a Finmeccanica (33%). Com faturamento consolidado de 2 bilhões de euros em 2013, a Thales Alenia Space tem 7.500 colaboradores em França, Itália, Espanha, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos.
O executivo da Thales Alenia Space para o Brasil, Joël Chenet , entende ser importante a constituição de um centro tecnológico no Vale do Paraíba. Isso favorecerá a aproximação da empresa com parceiros como Embraer, Visiona e com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o principal articulador na área satelitária do Brasil.
“Pretendemos ajudar as universidades brasileiras a estabelecer programas como um mestrado em engenharia em Sistemas Espaciais”, explicou o dirigente francês. A Thales Alenia pretende criar um curso universitário voltada a satélites, provavelmente no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), que estimulará estudos financiados para o desenvolvimento de teses de doutorado para o segmento.
Um primeiro passo neste sentido já foi dado, com mais de 40 engenheiros do país contratados para atuarem na empresa, voltados para estudos e pesquisas de tecnologias espaciais a serem empregadas em projetos brasileiros.
A OMNISYS, por sua vez, já atua no programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) e também no Amazônia-1, com previsão para ser colocado em órbita em 2017. Ambos sob supervisão e desenvolvimento coordenados pelo INPE. E também entende que a proximidade com as empresas do polo do Vale do Paraíba será vantajosa. Ela tem sua sede em São Bernardo do Campo e mantém uma unidade no Rio de Janeiro. Suas atividades estão concentradas nas áreas de controle de tráfego aéreo, telecomunicações, satelitária, meteorologia e em sistemas de defesa aérea.