Valdo Cruz
Depois de analisar alguns nomes, o presidente Michel Temer decidiu manter o general Joaquim Silva e Luna no comando do Ministério da Defesa. Ele está interinamente à frente da pasta desde a saída de Raul Jungmann para o Ministério da Segurança Pública. E deve seguir nesta condição, pelo menos por enquanto.
Temer planejava colocar novamente um civil à frente do ministério aproveitando a reforma ministerial que será concluída nesta semana depois da saída de ministros para disputar a eleição. Ele foi criticado por deixar a pasta sob comando de um general, o primeiro desde a criação do Ministério da Defesa, e chegou a prometer nomear um civil novamente.
Nas palavras de um interlocutor de Temer, na ausência de nomes como "um Nelson Jobim ou um Raul Jungmann", políticos com bom relacionamento nas Forças Armadas e que já passaram pela Defesa, o presidente optou por manter Silva e Luna.
Dentro da reforma ministerial, o presidente acertou também que o secretário de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, Antônio de Pádua de Deus Andrade, irá assumir de forma definitiva a pasta no lugar de Helder Barbalho (MDB-PA). Pádua Andrade é uma indicação do MDB do Senado. No Ministério do Meio Ambiente, ficará interinamente o atual secretário-executivo, Edson Duarte, no lugar de Sarney Filho (PV-MA).
Ainda nesta segunda-feira (9), Temer definirá o nome de quem irá ocupar a Secretaria Geral da Presidência da República, que ficará vaga com a transferência de Moreira Franco para o Ministério de Minas e Energia. O MDB quer manter o controle sobre a área.
Outro nome que assumirá definitivamente um ministério é Marcos Jorge Lima, hoje interinamente à frente da pasta da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Ele é uma indicação do PR.
Temer planeja dar posse nesta terça-feira (10) a todos os novos ministros para concluir sua reforma ministerial, com a qual espera reorganizar sua base aliada no Congresso e voltar a aprovar projetos de seu interesse. Além de evitar a autorização de uma eventual terceira denúncia contra Temer a partir do inquérito que investiga se o presidente recebeu benefícios de empresas do setor portuário na renovação de suas concessões. O presidente nega.
Temer manterá general na Defesa "para evitar marola"¹
O presidente Michel Temer, que dá posse nesta terça há dez ministros que passarão a ocupar os cargos dos que deixaram o governo para disputar a eleição, está decidido a manter à frente do Ministério da Defesa o general Joaquim Silva e Luna, que assumiu no lugar de Raul Jungmann, após a criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública.
Assessores do presidente lembram que, até segunda ordem, Luna é interino e assim seguirá, "para evitar marola política em área tão sensível". Nem será efetivado, tampouco substituído.
No início de março, militares de alta patente deixaram claro sua insatisfação com a possibilidade de Temer substituir Silva e Luna após críticas, que cobravam a nomeação de um civil.
Nova manifestação pública das casernas, desta vez mais grave, ocorreu às vésperas do julgamento do Habeas Corpus de Lula no Supremo, quando o comandante do Exército publicou declarações que soaram como possível intenção de interferir no processo.
Em ambos os casos, Temer agiu discretamente nos bastidores para desmontar uma potencial crise. E em hipótese alguma deseja agora ser o promotor de nova turbulência. Por isso, o Ministério da Defesa não está na lista dos que trocarão de comando nesta terça, numa solenidade de posse coletiva, às 15h, no Planalto.
Time reserva – Há nove meses de encerrar o mandato que assumiu com o impeachment de Dilma Rousseff, Temer deu preferência a nomeações de secretários-executivos – a maioria acabou apadrinhada pelo antecessor e pelo partido que ocupava a vaga. Desta forma, o presidente pretende atingir dois objetivos: dar continuidade ao trabalho iniciado pelo ministro que sai, e manter o apoio do partido que indica o que entra.
Veja quais são os novos ministros a tomarem posse nesta terça:
– No Ministério da Fazenda, assume Eduardo Guardia, secretário-executivo da pasta, indicado por Henrique Meirelles para substituí-lo;
– No Planejamento, Esteves Colnago, secretário-executivo do ministério – uma indicação do senador Romero Jucá, do MDB;
– No Educação, Rossieli Soares, secretário de Educação Básica – indicado por Mendonça Filho, do DEM;
– No Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, secretário-executivo – uma indicação de Osmar Terra, do MDB;
– No Turismo, Vinícius Lummertz, hoje presidente da Embratur. O cargo é do MDB;
– Na Integração Regional, Antônio de Pádua Augusto, indicado pelo senador Jáder Barbalho, do MDB;
– Na Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, secretário-executivo da pasta;
– No Esporte, Leandro Cruz, hoje Secretário Nacional do Esporte, indicado por Leonardo Picciani, do MDB
– No Trabalho, Helton Yomura, interino que será efetivado no cargo;
– Nas Minas e Energia, Moreira Franco, que deixa a Secretaria Geral da Presidência.
¹por Christina Lemos / R7