Sérgio Ruck Bueno
A Forjas Taurus pretende assinar até o dia 15 o contrato para a venda dos ativos da controlada Taurus Máquinas-Ferramenta para a Renill Participações, holding controladora do grupo gaúcho SüdMetal. O valor básico negociado é de R$ 128 milhões, sujeito a ajustes após a conclusão da "due diligence" (auditoria) na fabricante de equipamentos industriais.
Conforme o diretor-presidente da Forjas Taurus, Dennis Gonçalves, o valor ajustado será pago em cinco anos, em parcelas semestrais. O montante será usado para liquidar dívidas da própria controlada, que há pelo menos cinco anos vem operando com prejuízo e ficou fora do foco do grupo após a reestruturação operacional e societária iniciada em maio de 2011, explicou o executivo, que assumiu o cargo em agosto.
A operação prevê a criação de uma nova empresa, que absorverá os ativos, clientes e os 150 funcionários da Máquinas-Ferramenta, que fica em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre. A marca Taurus e as dívidas ficarão com a Forjas Taurus, que também se responsabilizará pelas garantias vigentes dos equipamentos já entregues. A assistência técnica das máquinas passará a ser prestada pelos novos controladores.
A SüdMetal, com sede também em Gravataí, foi formada há quatro anos com a fusão das empresas Ferrabraz, Fundição Becker, Industec e MSI. Segundo a página da empresa na internet, a companhia tem 1,7 mil funcionários, seis unidades em cinco cidades da região metropolitana e produz 48 mil toneladas por ano de componentes usinados a partir de peças forjadas e fundidas em ferro e alumínio, além de chicotes e sistemas elétricos, para as indústrias automotiva, ferroviária, de máquinas agrícolas e de elevadores. A empresa não retornou aos pedidos de entrevista.
A decisão de vender a controlada foi tomada pela Forjas Taurus em setembro de 2011 e a partir de então a empresa passou a ser apresentada no balanço do grupo como "ativos e passivos mantidos para venda e operações descontinuadas". Em 2011, a Máquinas-Ferramenta apurou receitas de R$ 37,3 milhões e prejuízo de R$ 35,7 milhões. Neste primeiro trimestre, o faturamento foi de R$ 8,2 milhões e o prejuízo, de R$ 5,2 milhões.
Segundo Gonçalves, a reestruturação operacional focou o grupo em dois segmentos. O primeiro, de defesa e segurança, inclui a fabricação de armas curtas e longas, que responderam por 73,4% da receita líquida consolidada de R$ 178,5 milhões do grupo no primeiro trimestre. A operação conta com fábricas em Porto Alegre e São Leopoldo, na região metropolitana, uma unidade em Miami (EUA) e, desde o mês passado, com a fabricante de armas para uso esportivo Heritage, adquirida nos EUA por US$ 10 milhões.
O segmento de metalurgia e plásticos é formado pelas linhas de capacetes para motociclistas e de contêineres para lixo em Mandirituba (PR) e Simões Filho (BA). Inclui ainda a Taurus Forjados, em São Leopoldo, e a Steelinject, fabricante de peças de aços moldados por injeção que foi adquirida do grupo Lupatech em janeiro de 2011 por R$ 14 milhões.
Até o fim do ano, a linha de produção da Steelinject será transferida de Caxias do Sul (RS) para a divisão de forjados, em São Leopoldo, que também passa a abrigar a fábrica de armas longas com a marca Rossi até o fim do primeiro semestre de 2013. Além de abastecer a produção de armas, a Taurus Forjados fornece peças para terceiros e a ideia é ampliar a base de clientes, incluindo áreas como petróleo e gás e máquinas agrícolas.
A reestruturação societária incluiu a incorporação da até então holding controladora Polimetal, o aumento da participação dos acionistas minoritários e a ampliação do conselho de administração de seis para sete integrantes, com quatro representantes do controlador, dois dos minoritários e um escolhido de comum acordo entre as partes. A companhia adotou o "tag along" de 100% em julho aderiu ao Nível 2 de governança corporativa da BM&FBovespa.