Júlio Ottoboni
Progride o projeto de revitalização do protótipo do avião Bandeirante, protótipo 003, o primeiro construído pela Empresa Brasileira de Aeronáutica já em sua linha de montagem. Um dos mais importantes aviões fabricados pelo país e que abriu as portas para o mercado internacional, a aeronave aposentada desde o início dos anos 80 passará por pintura da fuselagem nas suas cores originais até o final desta semana. A previsão é de que este trabalho comece no próximo até o dia 24.
O aparelho estava em estado de abandono no Parque Santos Dumont, em São José dos Campos, até fevereiro deste ano e sem nenhuma manutenção há cinco anos. Com vários problemas na pintura e na fuselagem, com o interior totalmente degradado, passou a ser alvo de atenção depois do alerta feito pelo DefesaNet e postagens nas redes sociais. Um grupo de voluntário e a prefeitura resolveram recuperar a aeronave.
Esse protótipo usado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está tendo melhor sorte que o seu sucessor, também do instituto, que se encontra em estado de total abandono o último Bandeirante do INPE, que há mais de seis anos se encontra parado no aeroporto da cidade.
Na sequência serão feitas a remontagem do avião e de seu interior, com os bancos originais e painéis. Esse aparelho serviu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por uma década e depois foi doado ao município.
A previsão é que o restauro, coordenado pela prefeitura local e com os apoios do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeronáutica (DCTA) e da iniciativa privada, termine dentro de um mês. Com isso, a avião será devolvido ao parque por volta do dia 27 de julho, quando serão comemorados os 250 anos de fundação da cidade.
Na última semana começou o lixamento da fuselagem do avião Bandeirante que está sendo restaurado no hangar do DCTA, em São José dos Campos. O restauro está no espaço onde o aparelho foi construído em 1970 e executado por voluntários, como ex-funcionários da Embraer, como pintores e mecânicos, e que ainda conta com o apoio de 22 alunos do curso de mecânica de aeronaves do Centro de Educação Profissional Hélio Augusto de Souza (Cephas).
Essa revitalização é a mais completa dos últimos tempos. Por isso a remoção para um hangar. Segundo o cronograma estabelecido, grande parte do trabalho programado foi realizado, entre eles a pintura das duas asas.
Entre os ex-funcionários da Embraer que atuam neste projeto, é destacado a importância do restauro do Bandeirante tanto para a cidade como para a memória nacional.
"Trabalhei na construção do Bandeirante e agora estou tendo a oportunidade de ajudar no projeto de restauro deste avião histórico, passando para os alunos do Cephas os conhecimentos que adquiri em 43 anos de Embraer. Fico feliz de poder dar esta contribuição para São José e para o Brasil", afirmou José Roberto Cruz Vidal, 62 anos.
Os alunos do curso de manutenção de aeronaves do Cephas também estão entusiasmados com a aplicação do conhecimento adquirido na escola.
"Estou aprendendo bastante. É um marco histórico o restauro do Bandeirante e fico feliz de estar participando deste trabalho", afirmou Cíntia Santos, 23 anos.
O Bandeirante é um ícone da aeronáutica brasileira. No próximo dia 22 de outubro serão completados 49 anos do primeiro voo da aeronave fabricada pela Embraer. O protótipo foi instalado no Parque Santos Dumont em 21 de fevereiro de 1981, doado pelo fundador da Embraer, Ozires Silva. Os outros dois protótipos estão no MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), em São José, e no Museu Aeroespacial ( Musal), no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.
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