Autores
John Wagner Amarante
Chefe de Departamento
Departamento de Proteção Radiológica – DPR.O
ELETROBRAS TERMONUCLEAR S.A – ELETRONUCLEAR
johwag@eletronuclear.gov.br
Hélio Sampaio Assunção
Supervisor de Proteção Radiológica
Departamento de Proteção radiológica – DPR.O
ELETROBRAS TERMONUCLEAR S.A – ELETRONUCLEAR
heliosa@eletronuclear.gov.br
A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), onde estão situadas as Usinas Nucleares Angra 1 e Angra 2, está localizada na Praia de Itaorna no município de Angra dos Reis. As Usinas Angra 1 e Angra 2 respondem pela geração de aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no País e mais de 30% da energia consumida no Estado do Rio de Janeiro.
Recentemente, foi realizado um estudo histórico de exposição à radiação na CNAAA, referente aos trabalhadores ocupacionais (Indivíduos Ocupacionalmente Expostos – IOE) que atuam, ou já atuaram, na Instalação. Trata-se de uma pesquisa que cobre os últimos 25 anos de Operação das Usinas, contemplando cerca de 17 mil trabalhadores. Conforme já era previsto pelo Serviço de Proteção Radiológica da CNAAA, as exposições à radiação por parte desses trabalhadores, acumuladas ao longo desses 25 anos, ficaram muito abaixo dos limites anuais estabelecidos por norma, tanto nacionais quanto internacionais.
O Órgão Regulador nacional, mais especificamente a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) estabelece a Norma CNEN NN 3.01 (Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica), que baliza os limites para exposição à radiação para os Indivíduos Ocupacionalmente Expostos (IOE) e para os Indivíduos do Público (pessoas que não desenvolvem atividades laborais em áreas de radiação). A quantidade de radiação recebida por uma pessoa é chamada de Dose, que é a quantidade de energia depositada pela radiação. Sua medida é realizada na unidade denominada Sievert (Joules por quilograma), de acordo com o Sistema Internacional. A Norma CNEN NN 3.01 permite uma dose anual de radiação de até 50 mSv para o IOE, desde que não seja ultrapassada a média de 20 mSv em cinco anos consecutivos, já para o Indivíduo do Público o limite anual é de 1 mSv.
Doses acumuladas em 25 anos
O estudo utilizou resultados de doses oficiais que foram fornecidos por laboratórios certificados pela CNEN, os indivíduos foram classificados em faixas de Dose Efetiva, com doses acumuladas entre 1995 e 2019. Vide gráfico abaixo.
Gráfico 1: Quantidade de Pessoas em faixas de Dose Efetiva / Doses Acumuladas entre 1995 e 2019
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Levando-se em consideração os limites anuais estabelecidos na norma CNEN 3.01 e comparando com os valores acumulados ao longo dos últimos 25 anos, verifica-se que os valores de dose são mantidos muito baixos ao longo dos anos, com 99,8% das ocorrências de doses acumuladas nesse período abaixo dos limites anuais. Ressalta-se que tal análise é bastante conservativa, já que foram confrontados valores acumulados em 25 anos com limites anuais.
Foram destacados os maiores valores de dose acumuladas anualmente, para o mesmo período de 25 anos, evidenciando que não houve, em nenhum dos anos, ocorrência com valor superior aos estabelecidos em norma, conforme gráfico apresentado abaixo.
Gráfico 2: Maior Dose Efetiva Anual – Período de 25 anos (1995 a 2019)
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Doses anuais em 25 anos
Em outra análise, as doses foram organizadas anualmente e agrupadas com as mesmas faixas de doses, mais uma vez os resultados foram excelentes, com a maior parte dos registros concentrada na faixa de dose de menor valor. Deixando dessa forma, ainda mais evidente, que os valores de dose da CNAAA mantêm-se abaixo até mesmo do valor típico da média mundial de dose devido a radiação natural. Veja abaixo os gráficos da distribuição de dose anual e a tabela de dose média mundial devido a radiação natural.
Gráfico 3: Número de Indivíduos em Faixas de Dose Efetiva por Ano
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Gráfico 3 (continuação)
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Com a análise dos dados, afirmamos que 86% dos IOE, ao longo da série de 25 anos, apresentaram doses inferiores à média mundial de dose devido a radiação natural, que gira em torno de 2,4 mSv ao ano.
Alguns fatos relevantes ao longo dos anos
Ao longo da série temporal, destaca-se a entrada em operação da Usina Angra 2 a partir do ano 2000, acrescentando com isso uma quantidade maior de IOE na CNAAA. Contudo, os valores de dose desse acréscimo acumularam-se na faixa de dose mais baixa.
A partir do ano 2009, as avaliações das doses oficiais da CNAAA deixaram de ser fornecidas por terceiros e passaram a ser realizadas pelo corpo técnico próprio da Eletronuclear, quando o Serviço de Monitoração Individual Externa da Empresa foi certificado pela CNEN. Anos mais tarde, o mesmo serviço foi acreditado sob a luz da Norma ISO 17025.
Considerações Finais
Quando se trata de radiação, minimizar a exposição dos trabalhadores é fundamental para assegurar sua saúde e o retorno seguro para seus lares, após cada jornada de trabalho. Os resultados de doses baixas na CNAAA são fruto de um trabalho coletivo, que envolve todas os Departamentos da Empresa, desde o emprego de equipamentos de engenharia ao treinamento e conscientização dos IOE. O acompanhamento de serviços, contabilização e controle de parâmetros radiológicos de forma ativa são o núcleo desse trabalho coletivo, que nos permitiu alcançar os resultados existentes atualmente.