A Escola Superior de Guerra (ESG) encerrou, nesta quarta-feira, mais uma etapa de diálogos com a sociedade civil sobre os desafios da área de defesa. Durante dois meses, cerca de 50 servidores públicos da Administração Federal e especialistas do meio acadêmico estiveram reunidos no Curso Superior de Política Estratégica (CSUPE), que tem por objetivo estimular a criação de uma mentalidade de defesa no país. A iniciativa foi aprovada pelos participantes.
Coube à mestranda de Direito da Universidade de Brasília Cristiana Freitas fazer um discurso em nome da turma. Em sua fala, Cristiana enfatizou a importância da cooperação civil-militar. “O momento é de integração, de união de forças civis e militares voltadas para o desenvolvimento do Estado brasileiro, unindo uma política socioeconômica e de respeito aos direitos humanos a uma visão estratégica da nossa defesa nacional”, disse.
Ao discursar, ela salientou também que a vocação dos participantes é voltada para o bem público. “Isso reflete em nossas missões institucionais e reverbera com os resultados que atingimos todos os dias, na luta por um país mais desenvolvido, justo e igualitário e forte”, completou.
Para o embaixador Arthur Meyer, a defesa nacional é um assunto que interessa ao povo brasileiro e, por isso, é necessário e indispensável que civis tenham maior conhecimento do trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas.
Segundo ele, a iniciativa da ESG permitiu aos estagiários não só a ampliação de conhecimentos sobre segurança nacional, por meio das palestras e debates, mas também entrar em contato com o trabalho social realizado pelos militares nas localidades mais distantes do Brasil, como na área de fronteira da Amazônia brasileira.
O assessor especial do Ministério das Cidades Rodrigo Pena Barbosa classificou como “surpreendente” a experiência adquirida ao longo do CSUPE. “O Ministério da Defesa tem sido muito feliz nessa iniciativa, porque aqui nós não estamos simplesmente acompanhando. Estamos debatendo com questionamentos firmes e com visão ampla os assuntos de defesa”, argumentou.
Para Rodrigo, conhecer os projetos estratégicos de cada uma das Forças foi um dos aspectos da programação que mais o surpreendeu. Ele destacou, como exemplo positivo, a implementação pelo Exército Brasileiro do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), projeto que permitirá ao país maior controle dos 16.880 km de fronteira de 11 estados brasileiros com dez países sul-americanos.
Amazônia
Na avaliação do diretor do campus Brasília da Escola Superior de Guerra, brigadeiro Delano Teixeira Soares, a ESG conseguiu mais um passo importante no processo de ampliação do diálogo com o público civil sobre os assuntos de defesa. Segundo o brigadeiro, o diferencial desta edição foi a oportunidade de levar os participantes do curso para conhecer a atuação das Forças Armadas na Amazônia.
Além da visita ao Pelotão de Fronteira de Maturacá (AM), os estagiários tiveram contato com o trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que é referência mundial em Biologia Tropical.
Meio Ambiente
A Política Nacional de Defesa reconhece a questão ambiental como justificativa para a implementação de ações de defesa. Esse assunto também foi discutido durante o curso, por meio de palestra prévia feita aos estagiários pela ministra do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira. Na ocasião, ela citou o Ministério da Defesa como parceiro estratégico para a agenda ambiental do país.
A analista ambiental Claudia Zagaglia, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), concordou sobre a importância de discutir a questão ambiental no ambiente de defesa. “É interessante a defesa pautar a questão ambiental. O MMA tem sua função, mas ao mesmo tempo tem dificuldades de fazer a proteção dessa riqueza toda. Iniciativas como essa do curso só vem a contribuir para mobilizar a sociedade na conscientização da necessidade de proteger nossos recursos naturais.”
O curso
O CSUPE, com duração de dois meses, tem como objetivo incentivar o estudo de assuntos da defesa nos escalões da Administração Pública, no meio militar e junto aos setores empresariais e acadêmicos. O programa envolve, entre outros assuntos, estrutura de defesa; política e estratégia; meio ambiente; recursos de defesa; logística, mobilização e indústria de defesa; áreas de interesse estratégico; atuação das Forças Armadas na segurança pública, nas ações subsidiárias, na Minustah (missão no Haiti) e na Unifil (missão no Líbano); proteção das fronteiras e influência do cenário político internacional no ambiente interno do país.
Os assuntos foram conduzidos por conferencistas dos ministérios das Relações Exteriores; do Orçamento e Gestão; da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Meio Ambiente, além da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Polícia Federal, Receita Federal, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), pesquisadores e empresários do setor de defesa.