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Reator nuclear de submarino brasileiro poderá também gerar energia para pequenas cidades

BRASÍLIA, 4 Jul 2007 (AFP) – O submarino de propulsão nuclear projetado pela Marinha Brasileira terá um reator que poderá servir também para gerar eletricidade para pequenas cidades, afirmou o almirante Moura Neto, comandante da Marinha do Brasil.

Trata-se de um "projeto dual", com um reator "que poderá ser instalado em uma pequena cidade, ainda não-alcançada pela energia hidroelétrica", revelou Moura numa entrevista a correspondentes estrangeiros na terça-feira à noite.

A construção de um submarino a propulsão nuclear forma parte do programa da Marinha Brasileira, desde 1979, mas avança aos trancos pela falta de recursos orçamentários.

Sem dúvida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou no mês passado esta necessidade: "a conclusão desse reator nos permitirá ingressar no seleto grupo de países com capacidade de desenvolver submarinos a propulsão nuclear", afirmou.

Os oficiais esperam que Lula faça o anúncio oficial durante uma visita que fará na próxima semana ao centro de pesquisas nucleares da Marinha localizado, em Aramar (estado de São Paulo).

Para concluir o reator, de fabricação exclusivamente brasileira, estaria faltando cerca de R$ 1 bilhão (mais de 500 milhões de dólares), num prazo de sete ou oito anos.

Os equipamentos e a eletrônica do submarino necessitariam de uma cooperação estrangeira. Há interesse de grupos alemães e franceses e estes últimos estão melhor posicionados por já produzirem submarinos desse tipo. "Parece mais lógico que os franceses possam nos ajudar", comentou Moura.

O "programa dual" deve ser um argumento que favoreça o projeto do reator, já que o Brasil, atualmente em fase de crescimento econômico confronta-se com o espectro de escassez energética.

"Estamos falando ao governo que se quisermos, também poderemos produzir energia elétrica" para localidades de até 10.000 habitantes, ressaltou o almirante Moura Neto.

O Brasil dispõe atualmente de cinco submarinos convencionais, para vigiar uma vasta extensão marítima de 3,6 milhões de km2, ao que a Marinha do Brasil denomina de "Amazônia Azul", e solicitou à ONU para estender a jurisdição sobre outros 900.000 km2 da plataforma continental.

O almirante Moura Neto considera que os meios ao seu alcance são escassos dada à importância do mar para o Brasil, que extrai 80% de seu petróleo de plataformas off-shore e pelo qual transitam 95% de suas exportações e importações.

"Com os meios de que dispomos atualmente, não me sinto confortável", afirmou Moura Neto, ao defender a construção do submarino com propulsão nuclear.

O governo elaborou um Programa de Reequipamento da Marinha para o período 2006-2025, que já está atrasado. O Programa previa nos primeiros sete anos um aporte de 2,6 Bilhões de dólares.

Entre as "prioridades absolutas" desse programa estão a construção de um novo submarino convencional e a modernização dos cinco existentes, no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Também é prevista a construção de nove navios de patrulha oceânica.

Moura afirmou que não há nada a temer das negociações com a Venezuela para adquirir cinco submarinos russos de propulsão diesel, e que se o Brasil cumprir com seu Programa de Reequipamento, não haverá desequilíbrio militar regional.

"A Venezuela tem um programa de reequipamento, tal como nós temos no Brasil", afirmou.

"Não me parece que seja um risco" a compra destes submarinos. "A Venezuela tem relações diplomáticas cordiais com o Brasil e suas Marinhas têm muitas boas relações", ressaltou.

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