Ricardo Koiti Koshimizu
Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Raupp defende a inclusão das empresas nacionais no programa espacial do governo, "pois os produtos do setor têm alto valor agregado e podem gerar oportunidades de negócios". Ele participou, nesta quinta-feira (1º), da audiência pública promovida pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado.
Ao destacar a importância do valor agregado, Raupp afirmou que "se um quilo de soja custa cerca de US$ 0,20 e um quilo de uma aeronave em torno de US$ 10 mil, um quilo de um satélite custa aproximadamente US$ 50 mil".
– Não podemos enveredar com dinheiro público em um programa ambicioso de construção de veículos espaciais sem que haja o envolvimento da indústria nacional – reiterou ele.
Raupp observou ainda que a participação das empresas no setor "também pode resultar em capacitação da indústria para que se possa competir no mercado global".
Por outro lado, o presidente da AEB concordou com as críticas de que o programa espacial brasileiro está atrasado em sua implementação – o senador Walter Pinheiro (PT-BA), que participou da audiência, está entre os críticos. Raupp disse que, "apesar do esforço dos últimos 30 anos, o programa não vem atendendo a muitas das grandes demandas da sociedade, como é o caso da internet de banda larga para regiões de difícil acesso e o fato de que não há satélites brasileiros para previsão do tempo".
– Utilizamos satélites norte-americanos para a previsão. E muitas vezes ficamos na mão – lamentou Raupp.
Ao apontar os problemas da dependência de satélites estrangeiros, Walter Pinheiro lembrou da importância das previsões meteorológicas para o planejamento da produção agrícola. O senador também argumentou que o governo brasileiro "cometeu no passado erros grosseiros em suas decisões relacionadas aos satélites".
Apesar de reconhecer esses problemas, Raupp também citou avanços, como o desenvolvimento de satélites para a gestão de bacias hidrográficas e a geração de imagens ópticas do território nacional que permitem o monitoramento de florestas.
Marco Antônio Raupp assumiu em março a presidência da Agência Espacial Brasileira, que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.